Pôster de divulgação da Série Looking |
“Queríamos fazer uma série sobre três gays vivendo suas vidas. Uma hora vamos falar sobre preconceito, mas a ideia era mostrar seus sentimentos e sua relação íntima com a sexualidade”.
Andrew Haigh – um dos criadores da série
As lembranças de “Queer as Folk” e as onipresentes comparações com “Girls” são inevitáveis ao se assistir o novo seriado gay da HBO, mas as “coincidências” param por aí. A narrativa é outra, mais lenta e não espere as ousadias de QAF. Podemos viver uma nova realidade, mas ainda temos muito pelo que lutar.
Looking é um seriado mais enxuto (clean demais), nele o cotidiano de três amigos: o designer de vídeo game Patrick (Jonathan Groff – O Jesse de Glee), o artista Agustín (Frankie J. Alvarez) e Dom (Murray Barlett) é retratado de forma bem realista para gays que já conquistaram seu lugar numa sociedade, que não os olha com tanto preconceito, ao menos a sociedade na qual eles vivem, em São Francisco, Califórnia, a cidade mais gay-friendly do mundo!
O trio de gays vive uma primeira temporada morna, mas a segunda promete emoções |
Não precisam mais lutar pela aceitação, trabalham (embora não sejam totalmente bem sucedidos em suas carreiras) e não precisam mais se esconder em guetos. Lidam com paqueras, reinícios, crises da idade e desafios profissionais.
O sexo é presente e não tão ousado quanto em “Queer as Folk”, mas um dos trunfos do seriado, que teve apenas oito episódios de 30 minutos em sua primeira temporada (já renovada para segunda), é a naturalidade (?) com que mostra a vida de seus protagonistas, mais humanos e próximos de nós mesmos, através de uma bela fotografia e da excelente atuação do elenco, cuja escolha foi acertadíssima.
O seriado não levanta bandeiras, oferece entretenimento leve e despretensioso, mostra um gay “pasteurizado” e pronto para ser entendido, amado e aceito por todos, não chocaria nem o mais preconceituoso dos amigos. E isso é o que me incomoda. É tudo muito bonitinho, feliz e doce, heteronormatizado demais. Se mudássemos a orientação sexual dos protagonistas, seria mais um seriado comum de jovens adultos vivendo sua rotina numa grande cidade.
Falta a diversidade, todos são muito parecidos, claro que em tão pouco tempo não poderiam mostrar mais de um mundo tão restrito quanto o de três amigos. Ainda assim recomendo, afinal a guinada no último episódio da primeira temporada mostrou para onde o seriado vai e vai bem! Vejo um futuro promissor! Aguardemos.
Assista a primeira temporada completa on line AQUI.
Confira abaixo o trailer da série:
Por: Raí Costa Filho
Raí Costa Filho é analista de TI, DJ nos finais de semana e feriados (há quase 20 anos), produtor da festa Bizarre Love Triangle (há 12 anos em Brasília) e DJ na festa Cerrado Bears. Cinéfilo desde sempre, apaixonado por fotografia, design e arte.