NOVIDADES

COMPORTAMENTO

sexo

Vídeos

Arquivo Em Neon

Você escolheu! Boa leitura!!!

Mostrando postagens com marcador Melão Em Neon. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Melão Em Neon. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Melão Em Neon: Vamos falar de homofobia?

Em Neon: sexta-feira, 22 de abril de 2016

As pessoas em geral relacionam homofobia apenas com violência física ou verbal, na forma de agressões, ofensas e insultos. Na verdade, isso é apenas a ponta de um terrível iceberg ainda presente em nossa sociedade. Os espancamentos, mortes e ofensas são claramente visíveis. Mas e quanto ao preconceito que ainda se esconde nos subterrâneos de nossa sociedade?

Vejamos como é a vida de um gay desde criança. Na infância, ainda confuso, começa a ser visto de lado pelos colegas por apresentar um comportamento diferente e trejeitos que não condizem com o que se espera de um menino. Primeiro, falam apenas pelas costas, em seguida começam as piadas e, caso ele reaja, acontecem as primeiras agressões físicas. Isso faz com o que o menino, ainda confuso e desorientado (pois as instâncias religiosas de nosso estado laico não permitem o ensino de Educação Sexual nas escolas) se esconda cada vez mais, além de começar a achar que a culpa por tudo isso é dele. Desse ponto em diante, há dois caminhos a seguir pelo jovem gay: ou assume sua natureza, comprando briga com escola, amigos, igreja e família e pagando o alto preço da exclusão total; ou abafa essa condição e passa a viver dentro da heteronormatividade, disfarçando e escondendo qualquer traço revelador de algo diferente disso. E assim começa a vida dupla dessa pessoa.

Quanto à reação das famílias, raríssimas são as que aceitam e/ou respeitam completamente a homossexualidade. Há as que rejeitam totalmente, chegando até a expulsar o homossexual de seu convívio. E há a maioria esmagadora, as que fazem “média”, que sempre começam suas afirmações com “eu não tenho nada contra”, seguido de um “mas”: “mas tem que ser discreto”, “mas não pode virar travesti” e outros absurdos do tipo. Isso quando não fazem comparações esdrúxulas, como por exemplo, “ah, pelo menos não é ladrão, traficante ou assassino”. Sim, gays e seus pares podem conviver no ambiente familiar, desde que não demonstrem afeto na frente deles ou faça qualquer menção explícita ao relacionamento. Ah, e o namorado ou marido é sempre apresentado às visitas como “amigo da família”, embora todos, inclusive as visitas, saibam que isso não é verdade. Eis nossa primeira máscara social.

O próximo passo é sermos banirmos das religiões de origem judaico-cristãs, já que quase todas elas reservam aos homossexuais dois caminhos: o arrependimento ou o fogo do inferno. Mais medo, mais culpa, mais violência, mais preconceito...

Em seguida, vem o ambiente profissional. Raros são os ambientes em que o gay pode assumir sua condição, sem que não sofra discriminação disfarçada de não-promoção ou demissão sumária, obviamente ficando claro que não tem nada a ver com o fato da pessoa ser gay. Então, não nos resta outra opção, senão continuarmos usando nossa máscara social.

Por fim, um terreno ainda mais pantanoso: o dos direitos. Embora o STF já tenha legalizado a união homoafetiva em nosso país, nem sempre é fácil que alguns setores da sociedade aceitem ou reconheçam tal união. Eu, por exemplo, cheguei a ganhar uma promoção de um hotel, mas meu acompanhante e eu não fomos convidados a assistir à palestra junto com os demais casais heterossexuais. Inventaram a desculpa de que nosso guia tinha faltado. A verdade veio à tona quando aconteceu o mesmo com outro casal gay amigo nosso. Coincidência, não? Até mesmo quando se tem o desejo de tirar a máscara social, a sociedade faz questão de que a coloquemos de volta.

Também não somos representados como deveríamos nas telenovelas. A sociedade só aceita na TV o gay engraçado, caricato, que serve de palhaço para divertir as massas. Quando o assunto fica mais sério, a rejeição do público é instantânea. E até hoje discutem se o famigerado beijo gay pode ser mostrado ou não. Interditam o afeto, com a desculpa de que as crianças podem se chocar, embora sejam acostumadas desde cedo com lutas de MMA e games sangrentos. Para nossa sociedade, o amor pode ser algo nocivo, a violência, não.

Portanto, por mais que tenhamos avançado no reconhecimento de direitos e na liberdade de se andar de mãos dadas em alguns poucos lugares (a região da Avenida Paulista é raríssima exceção em nosso país), ainda estamos longe de podermos dizer que não há homofobia no Brasil. As mortes e agressões, que são a ponta do iceberg, continuam acontecendo, mas conseguem gerar alguma comoção popular. Já o restante do iceberg continua invisível, silencioso e fingindo que não existe. Mas pode ter certeza: sentimos isso todos os dias, desde uma simples ida à padaria até uma corriqueira reunião de família. Já estamos condicionados a nos escondermos, até mesmo quando não é necessário. Fico feliz que a geração seguinte à minha já não tenha esse tipo de pudor. Felizmente, os mais novos já demonstram seu afeto em público sem maiores constrangimentos (para eles, não para a sociedade, que ainda os olha de lado).

Por esses e por outros motivos, entendo o cuspe de Jean Wyllys em Jair Bolsonaro, homofóbico notório, no último domingo, dia 17 de abril de 2016, durante a fatídica e vergonhosa votação pelo impeachment da presidenta Dilma. Diante do massacre visível e invisível, do apagamento de nossa real personalidade, de nossa cidadania dada pela metade e das milhares de agressões físicas e psicológicas pelas quais sofremos diariamente, a cusparada até que saiu barata. E continuará barata enquanto o medo, a culpa, a violência e o preconceito dominarem nosso cotidiano.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

Fotos: Mads Nissen / Reprodução

Por: Vitor de Oliveira - CLIQUE AQUI e leia mais artigos do autor

Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Foi colaborador da novela "I Love Paraisópolis". No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.

domingo, 22 de março de 2015

Melão Em Neon: Do racismo à homofobia a telenovela combate preconceitos

Em Neon: domingo, 22 de março de 2015



Há 31 anos atrás, na novela "Corpo a Corpo" (1984), de Gilberto Braga, havia um romance inter-racial entre os personagens Claudio e Sonia, vividos respectivamente por Marcos Paulo e Zezé Motta. Na época, insinuaram que Marcos Paulo deveria ganhar muito bem para ter que beijar uma negra na boca. O casal sofreu uma grande rejeição pela parcela mais conservadora do público, mas Gilberto Braga conduziu, valentemente, a trama até o fim. Apesar do racismo ainda estar longe de ser erradicado em nosso país, a rejeição a essa trama já nos soa extremamente infeliz, agressiva e absurda nos dias de hoje.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

31 anos depois, Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg dão vida a um casal homossexual em "Babilônia", do mesmo Gilberto Braga, agora em parceria com Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. E mais uma vez, a ala conservadora da sociedade já se manifestou contrária à abordagem da referida temática depois do beijo das duas já no primeiro capítulo da novela. Não faltaram insinuações de que as atrizes deveriam estar sendo muito bem pagas para serem submetidas a um papel como esse.

A cena do beijo em questão foi de uma delicadeza e sensibilidade ímpares. Ao contrário de cenas de outras novelas, foi ao ar sem alarde, sem burburinho da imprensa, de maneira natural, pegando o espectador de surpresa. Nada mais pertinente que duas companheiras que se amam e são casadas há décadas, manifestem seu afeto com um beijo. Simples assim? Nem um pouco. Para chegar a esse naturalismo, muitos outros casais gays enfrentaram o julgamento e a resistência de uma sociedade que ainda amadurece a duras penas.

O assunto não é novo. Em 1974, duas relações homossexuais, uma masculina e uma feminina já eram insinuadas na novela “O rebu”, de Braulio Pedroso: Conrad Mahler e Cauê (Ziembiensky e Buza Ferraz) e Glorinha e Roberta (Isabel Ribeiro e Regina Viana). Em “Brilhante” (1981), de Gilberto Braga, a homossexualidade do personagem Inácio (Denis Carvalho), chegou a ser insinuada, mas logo foi apagada da trama, devido à forte censura vigente na época. Anos depois, em “Vale Tudo” (1988), o mesmo Gilberto Braga emplaca o casal Laís e Cecília (Cristina Prochaska e Lala Deheinzelin). Mesmo tendo uma união estável, Laís teve que lutar contra Marco Aurélio (Reginaldo Faria), para receber a herança deixada para ela por Cecília após sua morte. Mas o subtexto ainda prevalecia sobre o texto.

Na novela “Mico Preto”, de 1990, um casal gay vivido por Miguel Falabella e Marcelo Picchi já tinha dado o que falar. Mas os primeiros a ter grande repercussão popular em uma novela foram Sandro e Jefferson (André Gonçalves e Lui Mendes) em “A próxima vítima” (1995), de Silvio de Abreu. Apesar de o ator André Gonçalves ter sofrido alguma hostilidade nas ruas, o casal foi bem aceito e a relação dos dois foi abordada abertamente na novela. A maior ousadia foi mostrar o quarto deles com a cama de casal, sob os olhares cúmplices das mães. Sorte igual não tiveram Leila e Rafaela (Silvia Pfeiffer e Christiane Torloni) em “Torre de Babel” (1998). O casal foi rejeitado pelo público e as duas acabaram morrendo na explosão do shopping, que matou vários personagens da novela.

Depois disso, outros casais ganharam a simpatia e a torcida do público, como Clara e Rafaela (Aline Moraes e Paula Picarelli) em “Mulheres Apaixonadas” (2003), de Manoel Carlos, que até chegaram a trocar um beijo no último capítulo, mas dentro do contexto de um espetáculo teatral. Em “Senhora do Destino” (2004), de Aguinaldo Silva, Eleonora e Jenifer (Milla Christie e Bárbara Borges) chegaram até a adotar uma criança, mas o tão esperado beijo acabou não acontecendo.

Em “América” (2005), de Gloria Perez, o beijo entre Junior e Zeca (Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro) chegou até a ser gravado e ganhou uma efusiva torcida, mas acabou não indo ao ar no último capítulo. Desde então, criou-se uma enorme expectativa sobre o tão esperado beijo gay em uma novela, até que em 2011, na novela “Amor e Revolução”, de Tiago Santiago, as personagens Marina e Marcela (Luciana Vendramini e Gisele Tigre) trocaram um longo e apaixonado beijo. Infelizmente, a novela do SBT teve pouca repercussão e pouca gente testemunhou o momento histórico. A grande catarse mesmo veio em fevereiro de 2014, na novela “Amor à vida”, de Walcyr Carrasco, com o beijo entre Felix e Nico (Mateus Solano e Tiago Fragoso). Enfim, nos libertamos desse apelo e, politicamente, o beijo representou um avanço gigante em nossa teledramaturgia. Nessa linha evolutiva, teve beijo com direito a casamento na novela “Em Família” (2014), de Manoel Carlos. As personagens em questão eram Clara e Marina, vividas por Giovanna Antonelli e Tainá Muller.

Enfim, chegamos no tempo presente e, ao que parece, os beijos não serão economizados nas cenas das personagens de “Babilônia”. Doa a quem doer, já passou da hora de um beijo gay deixar de ser beijo gay para ser apenas um beijo, como qualquer outro. Idiossincrasias à parte, a telenovela é o espelho da sociedade e como tal, deve retratar a sociedade como um todo. Queiram ou não os moralistas, os gays existem como cidadãos, pagam os mesmos impostos e não estão mais dispostos a ficarem à margem da sociedade. E nossa teledramaturgia vem, cada vez mais, entendendo isso.

Voltando a questão do racismo, depois do romance inter-racial daquele longínquo 1984, outros casais inter-raciais surgiram e conquistaram a simpatia do público e atrizes negras passaram a protagonizar novelas, como Taís Araújo em “Xica da Silva” (1996) e “Da cor do pecado”(2004).

Enfim, a exemplo da questão do negro que, embora tenha um longo caminho a percorrer, já conquistou inegáveis avanços, a torcida é que, para que os comentários infelizes e discriminatórios sobre o amor gay entre duas senhoras passem a ser considerados tão absurdos como o comentário feito há 30 anos atrás sobre o amor inter-racial de “Corpo a Corpo”. Apesar de algumas reações retrogradas à trama de “Babilônia”, também surgiram muitos comentários favoráveis à abordagem da trama. Ainda que parte da sociedade tenha uma incrível dificuldade em aceitar as diferenças e mesmo correndo o risco de ser chamado de otimista incurável, noto uma certa evolução quando o público revê seus conceitos e, aos poucos, vai abrindo espaço para o novo. A passos lentos sim, mas de alguma forma, estamos evoluindo. “Babilônia” representa um avanço gigante, ao deslocar o beijo gay do lugar do folclore, do espetáculo, do mero evento, para torná-lo natural e legítimo.

E antes que eu me esqueça, obrigado, Gilberto Braga, obrigado valentes autores, por continuarem rompendo paradigmas. Vamos em frente!

Fotos: Divulgação Rede Globo / Reprodução

Por: Vitor de Oliveira - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Vitor de Oliveira

Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Atualmente, é um dos roteiristas de “Lady Marizete”,  novela das 19 horas da Rede Globo, prevista para 2015. No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Melão Em Neon: Fera, bicho, anjo, mulher... As mil faces de Cássia Eller

Em Neon: domingo, 1 de fevereiro de 2015


O documentário que foi exibido na Mostra de cinema de São Paulo e no Festival Mix Brasil com o título de “Cássia”, chega agora aos cinemas de todo país. O filme, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, que conta a vida de uma de nossas cantoras mais importantes e emblemáticas dos últimos tempos: Cássia Eller.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

Além de amenizar um pouco as imensas saudades que sentimos da cantora ao revisitar toda sua trajetória, desde a juventude em Brasília até os últimos dias de ícone pop de nossa música, o filme mostra a Cássia Eller por trás dos holofotes e conta com depoimento da família e dos amigos, como a mãe, o filho Chicão, a esposa Eugênia e colegas de profissão como Oswaldo Montenegro e Zélia Duncan, entre outros, com destaque para o divertidíssimo depoimento de Ângela Rô Rô contando a história da canção “Malandragem”, que tornou Cássia Eller nacionalmente conhecida, mas que inicialmente tinha sido composta para Rô Rô. O filme também destaca a importância de Nando Reis para a vida e carreira de Cássia. Foi ele que revelou ao público uma Cássia muito maior do que ela própria imaginara, não apenas uma figura significativa no rock, mas uma intérprete sensível e completa, que ia do samba de roda da Bahia ao romantismo de Piaf.

Essa personalidade diversa, muitas vezes paradoxal de Cássia Eller vai sendo desvelada. Da cantora poderosa, gigante, forte, vigorosa, irreverente e despudorada no palco à garotinha, extremamente tímida nos bastidores, avessa a entrevistas e maiores badalações. A sensação que fica é que o importante para Cássia Eller era, sobretudo, a música na sua essência, na companhia da turma com quem ela queria estar. Difícil imaginar uma artista da importância dela abrir mão de faturar alto em grandes eventos para cantar em pequenos barzinhos de cidadezinhas do interior por pura diversão, o que lhe causou muitos problemas, inclusive financeiros. Sob essa ótica, Cássia era uma artista impensável para os dias de hoje.

E essa maneira, digamos, romântica, de encarar a vida também se refletia na vida pessoal da cantora, como a surpreendente maternidade, cujos desdobramentos são dignos de qualquer folhetim, a relação amorosa com a companheira da vida toda, Eugênia, em contraponto com o seu espírito livre e libertá-
rio. Contradições que constroem uma personalidade absolutamente apaixonante, amante das coisas tão mais lindas, que só pedia a Deus um pouco de malandragem e todo amor que houvesse nessa vida.

Mesmo após a morte da cantora, a história dela não termina e ganha desdobramentos dramáticos protagonizados por Eugênia, com a vitória pela guarda do filho de Cássia, Chicão, que alcançou repercussão nacional e gerou uma decisão judicial inédita, legitimando e reconhecendo um modelo de família construído no afeto. Ficamos te devendo mais essa, Cássia!

O grande mérito do filme é ser despudoradamente apaixonado por sua protagonista. E o público, igualmente apaixonado e saudoso, é brindado e embalado pelo estilo singular, pela voz plural, ora doce, ora vigorosa, mas sempre marcante de Cássia Eller. A sensação que fica, além da saudade, é a mesma quando se trata de grandes ícones que morrem cedo, como Clara (Nunes), Elis (Regina), Dolores (Duran), Cazuza, Amy (Winehouse), dentre tantos outros: que tesouro Cássia nos deixou! E o quão mais poderia nos dar! Privilégios de poucos como ela, cujo talento é maior que a própria vida. Impossível não se emocionar.

“Sou inquieta, áspera e desesperançada
Embora amor dentro de mim eu tenha”
(Clarice Lispector, interpretada por Cássia Eller na canção “Que o Deus venha”)

Confira o trailer do filme Cássia Eller, que tem a direção e roteiro de Paulo Henrique Fontenelle:

 

Fotos: Divulgação e arquivo pessoal 

Por: Vitor de Oliveira - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Vitor de Oliveira

Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Atualmente, é um dos roteiristas de “Lady Marizete”,  novela das 19 horas da Rede Globo, prevista para 2015. No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Melão Em Neon: Mix Brasil para todos os gostos e prazeres

Em Neon: terça-feira, 18 de novembro de 2014



Até o próximo domingo, dia 23/11, São Paulo abriga o 22º Festival Mix Brasil da cultura da diversidade. E essa diversidade se reflete na programação variada, com filmes de todos os tipos para todos os gostos, além de espetáculos teatrais, de música e de dança, performances e leituras dramáticas. São diversas opções espalhadas em quatro locais: Centro Cultural São Paulo, Cine Itaú Augusta, Museu da Diversidade e Cinesesc. Por absoluta questão de falta de tempo, não estou desfrutando do festival tanto quanto gostaria, mas na medida do possível, prestigiei algumas sessões e não vou perder o Show do Gongo, o momento mais engraçado do festival, em que vídeos mais caseiros tentam sobreviver ao “gongo” da plateia. O evento acontece nessa terça, dia 18, às 21 horas, na Sala Jardel Filho, do CCSP.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

Por hora, relato um pouco do que vi nesses primeiros dias:

BIJOU (EUA, 1972)
Roteiro e direção: Wakefield Poole

Produção norte-americana de 1972, o filme faz parte da Mostra “Pioneiros do Cinema Homoerótico”. De fato, quando pensamos em filme pornográfico hoje em dia, imaginamos algo que passa bem distante do mérito, digamos, artístico, muito diferente dessa produção sensível, caprichada, cheia de estilo e, por que não dizer, poética. O filme mostra a trajetória de um trabalhador da construção civil que vai a um clube underground e experimenta todos os tipos de prazeres homossexuais. Mas não é apenas um filme com conteúdo de sexo explícito. Há todo um clima erótico, que perpassa pela trilha sonora, pela direção e pelos enquadramentos. Enfim, algo impensável nos pragmáticos dias de hoje. Muito interessante.

FAVELA GAY (Brasil, 2014)
Roteiro e pesquisa: Ana Murgel
Direção: Rodrigo Felha  


Excelente documentário que mostra o cotidiano de vários moradores gays de diferentes comunidades cariocas, e como eles se inserem nessas sociedades, dominadas pelo tráfico, pelas igrejas evangélicas e a própria vizinhança. Além dos personagens serem muitíssimo interessantes, o filme surpreende ao mostrar que o preconceito, muitas vezes, é mais forte no “asfalto” do que nas comunidades, em que os moradores, muitas vezes, são mais sensíveis e solidários. Vale muito a pena conhecer diferentes universos, ver como a comunidade LGBT é diversa e, como relata o deputado federal e ativista LGBT Jean Wyllys, no filme, muitas vezes o que todos têm em comum é apenas o preconceito que sofrem. Acima de tudo, um filme alegre, solar e esperançoso.

ALGO A ROMPER (“Nanting Maste Ga Sönder” – Suécia, 2014)
Roteiro: Eli Levén e Ester Martin Bergsmark
Direção: Ester Martin Bergsmark


Filme que abriu o festival, narra a complicada história de amor entre dois jovens, o romântico e andrógeno Sebastian e belo Andreas, que tem sua primeira experiência homossexual e que, por isso mesmo, não sabe lidar com o sentimento crescente entre eles. Mais do que uma história de amor, o filme é sobre descoberta e busca de identidade desses dois jovens, sobretudo de Sebastian e sua viagem iniciática em busca do autoconhecimento, que culmina em Ellie, sua verdadeira personalidade. Belo e sensível, o filme não nos poupa de imagens fortes e contundentes, mas sempre poéticas.

Para aproveitar essas e outras dicas, acesse o site do festival e tenha acesso à programação completa:

http://www.mixbrasil.org.br/

Por: Vitor de Oliveira

Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Atualmente, é um dos roteiristas de “Lady Marizete”,  novela das 19 horas da Rede Globo, prevista para 2015. No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Melão Em Neon: É preciso estar atento e forte

Em Neon: sexta-feira, 3 de outubro de 2014



Sei que esse espaço, gentilmente concedido a mim, não é voltado para falar de política. Mas esse domingo, dia 05/10, é mais um dia importantíssimo para a nação. Não, não será final do Campeonato Brasileiro, nem sairá uma nova lista de convocados para a seleção, tampouco a lista de participantes de algum reality show. Sairá uma nova lista de convocados, sim, mas para assumir os poderes executivo e legislativo de nosso país.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

E nessa reta final da campanha eleitoral, os ânimos se afloram e os candidatos fazem de tudo em busca de nosso voto. Sobretudo, nesse momento, é preciso separar o joio do trigo e avaliar quem, de fato, deseja conduzir nosso país no rumo de uma nação mais justa e igualitária para todos.

Um dos temas que vem ganhando bastante relevância nesse momento é o que diz repeito à Criminalização da Homofobia e a obtenção de Direitos Civis Igualitários por toda a sociedade LGBT no país, o que também vem gerando uma reação violenta e avassaladora por parte dos setores mais conservadores da sociedade, como o que se viu no debate dos presidenciáveis da Rede Record, em que o candidato Levy Fidélix fez declarações lamentáveis, dizendo que “a maioria tem que combater a minoria”, incitando, dessa forma o ódio e a violência contra os homossexuais em todo o país. É triste constatar que muita gente compartilha dessa opinião, mas muitos não têm noção de que também sujam as mãos de sangue cada vez que um homossexual é agredido ou assassinado em nosso país.

Sei que parece absurdo que, em pleno 2014, esse tema ainda seja passível de discussão, afinal direitos iguais para todos parece ser um conceito tão óbvio... Mas há bem pouco tempo atrás, grupos também considerados “minoria”, como negros e mulheres, também passaram por isso. Os homossexuais são a bola da vez. Houve quem protestasse contra o direito ao voto pela mulher e até contra o fim da escravidão. E, acredite, há quem não concorde até hoje e ache que o negro não deve ocupar lugares de igual destaque na sociedade. A diferença é que, se alguém manifestar esse tipo de opinião, vai responder criminalmente por isso, já que racismo é considerado crime no Brasil. Daí a importância da aprovação da Lei contra a homofobia.

No entanto, mesmo com essa onda conservadora e reacionária assolando nosso país, com seu discurso fundamentalista-religioso espumando de ódio contra os gays, não vejo o atual panorama de forma tão negativa assim. Eles só estão rosnando contra nós porque estamos, a cada dia, conquistando nosso espaço na sociedade. Assim como negros e mulheres que, ainda a duras penas, continuam conquistando direitos de igualdade, a comunidade LGBT também começa a trilhar pelo mesmo árduo caminho. Quem imaginaria, décadas atrás, que a audiência televisiva toda iria se unir na torcida por um beijo entre dois homens em uma novela? Portanto, a reação raivosa dos conservadores não passa de um reflexo de nossas conquistas.

Por isso mesmo, não podemos enfraquecer nesse momento. Não podemos abrir mão do pouco que conquistamos e do muito que temos a conquistar. Temos que aumentar nossos representantes para que as conquistas se ampliem. Sei que, ao contrário dos evangélicos, não temos tantos representantes no Congresso Nacional, embora sejamos muitos, milhões em nossa sociedade, pelo fato de muita gente ainda não ter coragem de se assumir.

Mas o voto é secreto, amigo gay dentro do armário! Juro que mamãe não vai saber se você, no dia 05 de outubro, ir até a urna eletrônica e digitar o número de algum candidato que te represente, que assegure seus direitos e lute para que você não sofra mais nenhum tipo de violência física ou psicológica, por parte daqueles que não aceitam quem pensa diferente deles.


Acesse o site www.votelgbt.org e eleja um candidato da sua região que vai lutar por você. Caetano já nos ensinou: “é preciso estar atento e forte”, sobretudo nesse momento de grande visibilidade em que nossas conquistas podem avançar significativamente. Só depende de você!

Imagens: Web

Por: Vitor de Oliveira

Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Atualmente, é um dos roteiristas de “Lady Marizete”,  novela das 19 horas da Rede Globo, prevista para 2015. No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Melão Em Neon: De que é feita uma 'História de amor'?

Em Neon: segunda-feira, 30 de junho de 2014


Carlos e Helena os personagens protagonistas de História de Amor

Para cativar o público, uma história, nem sempre, necessita de tramas mirabolantes, situações rocambolescas ou altas peripécias recheadas de criatividade e ineditismo. Aliás, nada disso adianta se uma história não tiver o básico: bons personagens. Eles, sim, são a base de qualquer história. Partindo desse princípio, Manoel Carlos escreveu em 1995, para o horário das 18 horas, uma de suas novelas mais simpáticas e populares: “História de amor”, cuja reprise (imperdível!), atualmente, está em exibição no Canal Viva.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

O título não poderia ser mais simples e sugestivo. Maneco não apresentava nada de novo no front da zona sul carioca. Ao contrário, o autor se utilizou dos bons e velhos elementos do folhetim para narrar o cotidiano da batalhadora Helena (Regina Duarte, excelente como sempre), uma mulher de carne e osso, parecida com tantas outras Helenas, Marias e Reginas de nosso país. Mulher de meia-idade, separada do primeiro marido, que luta para criar a filha, a voluntariosa Joyce (Carla Marins), grávida de um namorado que se recusa a assumir a criança.

Em meio aos dilemas da filha, problemas financeiros e dificuldades de relacionamento com o ex-marido, Helena se envolve com o rico e charmoso médico Carlos Moretti (José Mayer), casado com a mimada Paula (Carolina Ferraz) e que ainda desperta a paixão da dissimulada ex-namorada Sheila (Lilia Cabral). Como se vê, nada de muito criativo ou original. Um homem disputado por três mulheres diferentes. Entre muitas idas e voltas, encontros e desencontros, mal-entendidos e desilusões, Helena e Carlos, enfim, conseguem viver sua história de amor sob a bela paisagem da cidade maravilhosa.

Mas o que torna “História de Amor” tão atraente? Confesso que, quando o Canal Viva anunciou a reprise, não me animei. Não porque não gostasse da novela, mas justamente porque já tinha assistido duas vezes. Mas a novela tem um veneno que te pega, te prende e não te solta mais até o último capítulo. O que mais me atrai, além do texto maravilhoso e das ótimas atuações, é justamente a construção dos personagens, distantes de qualquer maniqueísmo, humanos, falhos, complexos, como qualquer um de nós. Resultado: me viciei novamente e não perco um capítulo. Se você ainda não se ligou na reprise, garanto que, com uma única zappeada, também vai ficar completamente envolvido.

Vitor de Oliveira, um apaixonado por Helena e Regina Duarte 
Afinal, o que tem Helena de especial que tanto atrai Carlos, acostumado com mulheres requintadas e sofisticadas como Paula e Sheila? Justamente, a simplicidade. Talvez a Helena de “História de amor” seja a Helena mais “gente como a gente”, que reclama do preço dos legumes na feira, que faz as contas pra saber se o dinheiro vai dar até o final do mês, que curte tomar uma cervejinha com os vizinhos e que defende a filha como uma leoa. Uma mulher comum, como definiu a rival Paula. Por isso mesmo, é impossível não se apaixonar por Helena e não torcer para que ela seja feliz. Assim como a protagonista, há outros personagens igualmente cativantes como a melhor amiga dela, a sofrida Marta (Bia Nunnes), às voltas com um câncer de mama e a instabilidade do marido, o gaiato Xavier (Ricardo Petraglia); Dona Olga, vivida pela saudosa Yara Cortes, avó de Carlos, matriarca que conduz a família com firmeza e doçura, sempre com um comentário ácido na ponta da língua. Quem não queria ter uma avó como Olga? Ou uma tia como a divertida Zuleika (Eva Wilma), socialite falida, “cada vez mais down no high society”, que precisa começar a trabalhar para reconstruir a vida?

Com simplicidade, as tramas vão sendo apresentadas e, sorrateiramente, vão envolvendo o espectador de tal forma que ele não resiste e liga a tevê naquele horário para continuar acompanhando o cotidiano e torcendo pela felicidade daquelas adoráveis pessoas que entram na sua sala. Somos todos Carlos, envolvidos e apaixonados pela simplicidade cativante de Helena. Este é o segredo de uma boa novela: envolver o espectador com bons personagens e uma trama saborosa, seja uma iguaria finíssima ou o bom e velho feijão com arroz muitíssimo bem temperado, como é o caso. E, claro, uma bela e apaixonante “História de amor”...

Por: Vitor de Oliveira

Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Atualmente, é um dos roteiristas de “Lady Marizete”,  novela das 19 horas da Rede Globo, prevista para 2015. No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Estreia - Melão Em Neon: 'Além do Horizonte' e a rota da felicidade - Por Vitor de Oliveira

Em Neon: terça-feira, 6 de maio de 2014


Imagem divulgação - elenco de  'Além do Horizonte' 
Escrever uma novela, sem dúvidas, pode ser comparado a pilotar um Boeing ou comandar um Transatlântico de enormes proporções. Uma novela é sempre uma longa jornada e a viagem nem sempre é tranquila até o seu destino final. O piloto pode enfrentar grandes turbulências no caminho, o comandante pode se confrontar com grandes procelas que colocam em risco a vida dos passageiros / personagens da jornada. Como roteirista, fui marinheiro de uma primeira (e feliz) viagem e já preparo, ansioso, a bagagem para a segunda. Mas como espectador, possuo horas, anos, décadas de voo e já vi novelas terminarem seu destino da maneira mais feliz possível, como também já assisti a catástrofes e naufrágios, pesadelo de qualquer autor. E como bom espectador, confesso que as viagens seguras, sem risco e sem emoção, que só percorrem céus de brigadeiro e marés calmas não me atraem. Bom mesmo é quando o comandante assume riscos, enfrenta desafios e os vence com heroísmo e bravura.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

Toda essa introdução serve como simbologia para falar de “Além do Horizonte”, novela de estreia de dois valentes comandantes que, desde o inicio, assumiram os riscos de uma viagem arriscada. A novela, não só fugiu dos clichês do gênero, como também fugiu das próprias convenções de uma telenovela tradicional. Claro que a busca da felicidade é o mote de qualquer novela. Mas a felicidade era sempre algo concreto, consistia em um objetivo bem claro do herói. No caso desta, a felicidade, no início, pareceu muito abstrata, gerando as primeiras turbulências, o que afugentou parte do público, acostumado a rotas bem definidas e viagens sem grandes sobressaltos.

Aos poucos, os comandantes fizeram os reparos necessários, alteraram um pouco a rota e conseguiram uma viagem mais tranquila da metade para o final. Mas o triunfo mesmo foi alcançado no último capítulo, simplesmente sensacional, cheio de suspense, aventura e emoção, ingredientes propostos desde o início. Na humilde opinião deste espectador, com milhares de horas de voo, um dos melhores últimos capítulos de novela a que já assisti. Mais do que consertar os danos causados pela viagem e fugir definitivamente para uma rota mais tranquila, os comandantes pagaram pra ver e enfrentaram a maré, retornando ao caminho planejado, permanecendo-se fiéis à proposta inicial da novela, mantendo sua coerência e fechando na maior dignidade.

Como não roer todas as unhas com as sequências cheias de aventura e suspense, de tirar o fôlego que culminaram na destruição da misteriosa comunidade criada pelo louco e visionário vilão L.C (Antonio Calloni, genial!)? Aliás, sequências muito bem dirigidas e com efeitos especiais incríveis. Como não se divertir e se emocionar com o casamento coletivo em Tapiré, reunindo os personagens mais bacanas da novela? Como não se comover com a cena em que Celina e William (Mariana Rios e Thiago Rodrigues) decidem adotar o menino Nilson (JP Rufino)? A emoção dos atores foi genuína e transcendeu a tela. E no fim, a premissa da novela foi plenamente cumprida: a busca da felicidade empreendida pela protagonista Lili (Juliana Paiva) fez todo o sentido e respondeu as perguntas iniciais. O mais gratificante foi perceber que os personagens chegaram íntegros no destino final.

Aos comandantes Marcos Bernstein e Carlos Gregório, meus parabéns pela coragem e bravura. Fica a certeza de que as adversidades do caminho foram vencidas e prepararam os dois para as próximas (e emocionantes) tormentas. No fim da longa viagem, entre mortos e feridos, salvaram-se (quase) todos e a felicidade, destino final, que parecia distante e inalcançável, foi, finalmente, conquistada.

Por: Vitor de Oliveira

Vitor de Oliveira é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional” na categoria “Telenovela”. Atualmente é um dos roteiristas de “Lady Marizete”, uma das próximas novelas das 18 horas da Rede Globo, prevista para 2015. Ainda em tv, é um dos roteiristas do piloto da série “Homens querem casar & mulheres querem sexo”, finalista do Festival Internacional de Televisão. No cinema, foi roteirista do curta “Corra, biba, corra”, exibido no Festival Mix Brasil e no CineClube LGBT e dos curtas “Metade Da Laranja” e “12 horas”, dirigidos por Thais de Campos com previsão de lançamento para 2014. É autor de três peças de teatro, “O que terá acontecido a Nayara Glória?” e “Mãe”, atualmente em pré-produção, e do infantil “A bola mágica”.

 
Todos os direitos reservados para © 2014 Em Neon - Site
Desenvolvido por Code Art Design by Maurício Code