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quinta-feira, 5 de março de 2015

Agito Cultural: Venha receber ‘A Visita da Velha Senhora’

Em Neon: quinta-feira, 5 de março de 2015


Para celebrar os 15 anos do "Teatro na Justiça" em alto e bom nível, o Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ) traz o grandioso espetáculo de Friedrich Dürrematt, "A visita da Velha Senhora", com uma formação colossal, acabamentos de cenários e figurinos impecáveis, oferecendo um teatro de arena da forma mais clássica e Burlesca possível.

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Ao ingressar na sala pude perceber que o espaço ao centro era bem pequeno e fiquei me perguntando como eles conseguiriam apresentar uma peça de forma decente e de qualidade, com 12 atores, naquele espaço reduzido? A peça começou e todo o mágico e magnânimo toque dos deuses do teatro se fez presente e pude ter minha resposta plenamente respondida.

Aos cantos da sala encontram-se cabideiros com roupas penduradas e o ambiente possui reentrâncias nas quais parte do elenco consegue se ausentar e depois retornar muitas vezes, como outros personagens, por sinal isso é algo que ocorre alguns momentos com os atores chaves, que se dignificam de forma dinâmica e com uma presteza incomum a assumirem papéis pequenos, mas de suma importância ao andamento da história.

A direção de Silvia Monte é tão bem aplicada, que até o mais distraído e disperso dos espectadores, consegue entender a diferença de personagens importantes dos figurantes.

Silvia é o tipo de diretora que se atêm a pequenos detalhes, todas as minúcias para ela são fundamentais, coisas que poderiam passar incólumes e que eu nem teria a ousadia de perceber ou mesmo criticar. Percebi em uma determinada cena que a personagem da "vendinha" segurava em suas mãos um caderninho de anotações e que realmente é verdadeiro, com o nome do comércio e uma lista de nomes e valores, uma tabelinha muito bem feita e real, feita para a peça, fantástico isso.


Infelizmente o brasileiro sempre se queixa das coisas erradas e desvaloriza o que lhe é oferecido, as pessoas em conversas e rodas de amigos, muitas vezes reclamam dos altos preços cobrados pelos espetáculos teatrais e dizem que se fossem mais baratos iriam mais vezes, isso por parte é uma verdade, mas por outro lado, quando um espetáculo é gratuito, eles dizem que é algo sem graça, que não presta e que não vale a pena, isso sem nem se dar ao direito de assistir.

Ledo engano. Tudo nesse espetáculo é pensado e dirigido para que as pessoas possam encontrar o melhor do teatro, tal qual os grandes marcos gregos e romanos, as grandes apresentações modernistas e do auge do teatro brasileiro, toda uma dinâmica de interpretações vivas e marcantes. Os detalhes nessa peça são precisos e preciosos, nada ali é mal acabado ou feito com desleixo, pelo contrário, é uma obra artisticamente criada e finalizada, que se fosse em um outro teatro italiano, poderia ser cobrado, tranquilamente, preços exorbitantes, que os pagantes sairiam felizes e satisfeitos. Essa foi a intenção do CCPJ, oferecer o melhor ao público para celebrar um momento tão importante e grandioso de sua estrutura, como um belíssimo Centro Cultural.

Quando a peça começa, já podemos observar o requinte dos figurinos de Pedro Sayad, que com certeza foram resultados de um trabalho de pesquisa de qualidade. Os objetos cenográficos dispostos, posicionados e utilizados por José Dias, para a construção e desconstrução de cenas, é algo formidável, isso sem falar na iluminação muito bem criada e dirigida por Elisa Tandeta, que valoriza cada momento como se fossem o clímax da peça, assim como toda a sonorização existente.

Um detalhe que me chamou muita atenção é quando cenas são protagonizadas em uma floresta e os sons de bichos e plantas são feitos por atores camuflados com galhos em cena, ficou tão perfeita e tão delicadamente produzida, que se um dia resolverem substituir por sons gravados, tirarão o encanto dessas cenas. O aproveitamento pleno de toda a sala é algo que encanta. Cada espectador se sente participante da peça, pois os assentos acabam fazendo parte de alguma cena da peça, uma Igreja, a varanda da casa da velha senhora, a lojinha da cidade ou o tribunal. A peça pode ser vista por vários ângulos e com isso acabamos nos sentindo íntimos dos personagens e dessa forma observarmos proximamente as atuações dos atores em cena.

A história retrata a vingança, a amargura e a eterna vontade de se fazer justiça à duras penas. Uma mulher que foi escorraçada grávida de sua cidade devido a uma traição de seu amante em uma total irresponsabilidade e insensibilidade por parte dele. Ela teve que seguir em frente, como se fosse uma prostituta e passou por muitos obstáculos, até conseguir vencer na vida, se casando com milionários e juntando uma grande quantia. Quando ela resolve voltar à sua cidade, todos a aguardam com pompas e sorrisos. Mas será que a visita dessa velha senhora será boa? Pra quem será? Será que todos estão felizes? A vingança dela será ou não executada? Um texto muito bem criado com noções firmes de início, desenvolvimento e conclusão, bem cíclico e fechado.

Quem vive a Velha Senhora é a atriz Maria Adélia, de grande veia teatral em sua longa experiência de peças e trabalhos bem executados. Ela se mostra bem altiva e detentora de uma confiança e segurança bem digna de uma atriz de peso e competência. Seu talento, assim como sua psotura e aparência, nos remetem quase que instantaneamente à grande atriz Tereza Rachel. Adélia impregna a sua personagem com uma seiva de rancor e iniquidade, a coloca brilhantemente de forma orgulhosa e insensível acima de todos à sua volta. Sua genialidade em compôr essa mulher de sentimentos baixos e aniquiladores foi sensacional, seu tom é sempre alto e seu gestual é muito bem elaborado e finalizado.

Outro destaque na peça é, sem dúvida, o grande amante de seu passado, interpretado também de forma talentosa pelo ator Marcos Ácher. que de cena em cena desconstrói seu personagem a medida que ele vê que a cidade, que antes o adorava, começa a se afastar dele e querer que ele pague e seja punido por seus atos e consequências. Ele se vê sozinho e abandonado até mesmo por sua família e amigos próximos. No início ele é interesseiro, fingido e frio, quando se vê alvo de seus sentimentos, acaba se tornando mais humano, amedrontado e perturbado.

A peça também conta com uma interpretação de elogios de Rogério Freitas e seu brilhante Prefeito, mais preocupado em seus próprios ganhos e lucros e nem um pouco com o que essa grandiosa visita acarretará na cidade. Seu personagem é comedido e econômico em gestos e falas, talvez por isso ele se inclua de forma tão magnífica em cena, onde podemos contar mais com suas expressões e posicionamento, do que falas desnecessárias. Um ator de corpo e de expressões, como poucos se acham por aí afora. Sua presença é notada e centralizada mais em seus sentimentos externados por seu talento do que pelo que ele poderia falar.

Mas embora essa peça conte com esses três grandes trunfos, não diminui o enorme talento e capacidade que todo o elenco possui. Toda peça é assim, existem os protagonistas e os coadjuvantes, que sem eles nada poderia ser executado. Isso é observado e notado em "A Visita da Velha Senhora", todo o elenco se empenha para que o foco da narrativa seja passado com sucesso. Toda e qualquer vaidade de querer se fazer notar por meio de  interpretações exageradas e por conta de egos exacerbados, não existe nessa peça, o que vemos é colaboração e uma engrenagem funcional onde a base de um texto forte é colocada em ação por todos os seus elementos.

Tal qual o açougueiro de André Frazzi, que embora seja um personagem de colocação pequena no texto, a atuação do ator é importante e imposta com sabedoria ao propósito desejado, tornando assim momentos de grandes cenas sempre que ele aparece. Já o jovem Pedro Lamim, embora de idade destoante e inferior quanto à maioria do elenco, soube aproveitar de forma inteligente sua participação na peça. Busca seu personagem já com bastante clareza de movimentos e entonações, aproveitando bem uma excelente direção e mostrando uma maturidade, que desse trabalho o empurrará para outros cada vez melhores. Anita Terrana atriz de grandes qualidades e experiências também é um trunfo da peça com sua dócil e maternal personagem, que mesmo interesseira, sabe demonstrar uma preparação teatral que faz sua personalidade realmente parecer desinteressada. A peça ainda tem em seu elenco atores de grande talento como: Sávio Moll, Eduardo Rieche, Paulo Japyassú, Laura Nielsen e Renato Peres, que dão um show de interpretação.

A apresentação conta com suaves momentos de trilhas sonoras executadas elegantemente e com um talento incrível do músico Pedro Messina, entoando de forma melódica todo o enredo da peça, com temas suaves, fortes, emotivos e marcantes. Por tudo isso escrito acima, é que posso afirmar que "A Visita da Velha Senhora" será um grande marco na história do Centro Cultural do Poder Judiciário. Um trabalho imponente, consistente e obrigatório para todo e qualquer ator ou grupo teatral assistir e dele tirar ótimas noções de interpretação, aproveitamento de espaço e direção.

Leiam agora o que os responsáveis por esse grandioso espetáculo falam de seus trabalhos, nessa montagem:

"É muito bom contar uma história tão bem escrita! Melhor ainda, fazendo um personagem difícil e complexo como o Alfredo Schill. Com certeza, um dos trabalhos mais instigantes da minha carreira. E o que dizer desta equipe? Amigos queridos, talentosos e divertidos! Entrar em contato com o mundo criado por Durrenmatt, com discussões tão pertinentes (a barbárie e o limite do ser humano), com profissionais como estes... É muito prazeroso, na certa!" (Marcos Ácher)


"Vejo o prefeito como o símbolo maior da falta de convicção dos valores humanistas - estaria ele lutando com seus conflitos internos até se corromper; ou trata-se de um dissimulado, fazendo valer as “várias faces do poder”? -  questões que o tornam mais rico, dando mais oportunidade para o trabalho de ator." (Rogério Freitas)




"A Visita da Velha Senhora" é o meu segundo trabalho com Sílvia Monte no CCPJ, de modo que participei do projeto desde o comecinho, fazendo as leituras preliminares e chamando colegas para o elenco, que acabou ficando genial e com quem tenho muito orgulho de trabalhar. Durremmatt é um autor denso, que nos exige o equilíbrio entre o trágico e o cômico, entre a delicadeza e a ferocidade. E os personagens que me couberam, o Pároco e o aluado Hemelsberguer, são para mim um exercício delicioso." (Paulo Japyassú)

"Contar essa história com as palavras de Durrenmatt,  só me faz entender melhor o que é preciso para um texto se tornar clássico. Os conflitos de personagens da distante Suíça da década de 50, ainda são pertinentes nos tempos de agora e nos apresenta figuras e tipos que são vítimas de seus próprios desejos e ambições. Orgulho-me de poder estar participando desse projeto e poder dar acesso livre a essa obra tão significativa." (André Frazzi)


"É muito gratificante e uma grande responsabilidade participar de uma montagem de Duhemat, dividindo o palco com tantos atores talentosos. Minha experiêcia em teatro sempre foi como músico, “protegido” atrás do meu instrumento, mas agora que tive a oportunidade de atuar e desenvolver um trabalho como ator, descobri uma nova paixão, fui muito bem recebido por toda equipe e esse apoio foi fundamental durante o processo." (Pedro Messina)


"Honrado. Assim é como me sinto. Ter a chance, no início da minha carreira, de montar um clássico do teatro mundial, trabalhando e trocando com atores tão generosos e experientes, sem dúvida é um presente indescritível. Na peça, tenho a oportunidade de conduzir quatro personagens, e assim, poder vivenciar por ângulos bem distintos as camadas pelo qual o autor vai dissecando os valores humanos, nos fazendo perguntar pelo o que realmente somos movidos. Quando assistimos ou lemos uma peça como essa, entendemos um pouco sobre a importância da arte na vida e o quanto ela é necessária para o nosso desenvolvimento."(Pedro Lamim)

"Eu acho Maravilhoso poder fazer esse personagem e acho ainda maravilhoso ele poder estar em cena durante seis meses. E ainda super maravilhoso de estar sendo subsidiada pelo Centro Cultural do Poder Judiciário que deve ser conhecido, e que o ingresso é gratuito para todos. É muito importante todos terem consciência de ver um espetáculo maravilhoso, com um super elenco e falado em português é lógico."(Maria Adélia)


"O processo desta montagem teve o encontro de vários aspectos positivos, a começar pelo texto inteligente, um clássico que aborda e critica o homem, seus  pactos sociais e até quando permanecemos fiéis a nossos valores. Mérito de uma direção estudiosa, determinada e ousada por colocar 12 atores em cena, uma  produção séria e competente e um elenco excelente de grandes atores do nosso teatro, que dá o maior prazer de contracenar!"(Sávio Moll)


"Já conhecia o trabalho da Silvia Monte e do Centro Cultura do Poder Judiciário. Tive oportunidade de assistir sua direção em o “Inimigo do Povo” que muito me agradou. Fique muito grata quando fui chamada para participar da montagem de "A Visita da Velha Senhora", participando desse projeto que é muito importante para o panorama cultural da nossa cidade. Na peça tenho a oportunidade de interpretar vários personagens que dimensiona meu exercício de atriz, principalmente por ser esse um texto extraordinário de Dürrenmatt, tão atual sobre o capitalismo e as tentações humanas que levam à corrupção, e também por estar numa equipe muito talentosa."

"Me sinto muito feliz em fazer Bobby, o mordomo de Claire Zahanassian, por ser um personagem enigmático e que, apesar de ter poucas falas, no decorrer da peça traz à tona grandes revelações sobre o conflito principal. Também estou adorando trabalhar com esse elenco adorável que sabe contar tão bem  essa história tão bem escrita."(Renato Peres)

"É um prazer fazer o professor que é o último referencial ético em meio a uma comunidade já totalmente corrompida - embora ele também acabe cedendo à tentação quando percebe que o principal afetado, Schill, desistiu de lutar."(Eduardo Rieche)






"Considero um privilégio participar da montagem de um texto clássico de tamanha qualidade. Para mim é um desafio delicioso a oportunidade de experimentar diversos papéis."(Laura Nielsen)










FICHA TÉCNICA
A Visita da Velha Senhora
Autor: Friedrich Dürrenmatt
Tradução: Mario da Silva
Direção e Adaptação: Sílvia Monte
Direção Musical: Marcelo Coutinho
Elenco:  Maria Adélia, Marcos Ácher, Rogério Freitas, Eduardo Rieche, Paulo Japyassú, Sávio Moll, Laura Nielsen, Renato Peres, André Frazzi, Anita Terrana, Pedro Lamim, Pedro Messina (violonista).
Cenário: José Dias
Figurino: Pedro Sayad
Iluminação: Elisa Tandeta
Direção de Produção: Renata Blasi e Ana Paula Abreu
Realização: Centro Cultural do Poder Judiciário do Rio de Janeiro e Diretoria-Geral de Comunicação e Difusão do Conhecimento Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

SERVIÇO
Temporada: de 2 de fevereiro a 29 de julho, de segunda a quarta-feira, às 19h
Local: Sala Multiuso – CCPJ-Rio / Antigo Palácio da Justiça
Endereço: Rua Dom Manuel 29, Centro, Térreo - Rio de Janeiro – RJ
Capacidade: 54 lugares
Duração do espetáculo: 120 minutos/ com intervalo de 10 minutos
Recomendação etária: 14 anos
Entrada franca com distribuição de senhas 30 minutos antes do início da sessão.
CCPJ-Rio
Telefones: (21) 3133-3366 / 3133-3368

Fotos: Marcelo Carnaval / Divulgação e Facebook dos atores

Por: João Loureiro Filho - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de João Loureiro Filho

João é ator, cantor, mas descobriu-se crítico e aí sim viu que suas opiniões poderiam ajudar muitas pessoas a se decidirem e se descobrirem diante de assuntos dos quais ignoravam, desconheciam ou não davam importância. Participou ativamente de projetos de cinema e teatro, fez um blog de filmes temáticos LGBT. Em breve irá lançar um livro sobre como explorar bem Enredos Carnavalescos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Agito Cultural: Nova temporada de ‘Beatles num Céu de Diamantes’ no Rio de Janeiro

Em Neon: segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015


"Picture yourself in a boat on a river / With tangerine trees and marmalade skies / Imagine você mesmo em um barco em um rio / Com árvores de tangerina e céus de marmelada"

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Você não deve estar entendendo nada. Será que começou a novela das 21h? Será que eu sou na verdade o grande autor Aguinaldo Silva disfarçado? Não, nada disso. Embora a coincidência da música de abertura ser a mesma que deu o título dessa peça, escreverei sobre "Beatles num Céu de Diamantes" e não sobre "Império". Aqui você não encontrará o Comendador, Cora e Cia, e sim atores competentes, bonitos e talentosos, dirigidos impecavelmente por Charles Moeller e Claudio Botelho. Os atores entoam lindas e bem interligadas canções dos Beatles, criando assim algumas histórias que, mesmo independentes, acabam se atando, gerando um belíssimo espetáculo.

Com uma iluminação azul e amarela na maior parte do tempo, com canhões certeiros, bem direcionados, marcados e momentos de semi penumbra, o iluminador Paulo César Medeiros conseguiu criar uma atmosfera bem peculiar e que desenha um sentimento cênico no decorrer da trama, que envolve tanto o elenco, quanto o público em sua poltrona. E o figurino de Carol Lobato então nos faz esquecer completamente que estamos em 2015: Calças justas e bocas de sino, batas, camisas abertas no peito e isso sem falar no acabamento de detalhes dos sapatos e acessórios, aliando isso tudo com os penteados, maquiagens e cortes de cabelos, que transportam mentalmente todo o teatro a décadas atrás.

O cenário constituído por um muro de fundo, que até então não diz nada. Seria um muro que dividiria o nosso mundo do "Céu de Diamantes"? Bem, isso vai da imaginação de cada um e a concepção desejada pelo cenógrafo Moeller. Quanto aos objetos cenográficos, apenas algumas malas e uns guarda-chuvas, que em alguns momentos desenham e marcam coreografias bem feitas e dirigidas, aliás, em todo o decorrer do espetáculo, as coreografias nos fazem entender completamente toda a trama desejada, a sincronicidade, as marcações e principalmente o aproveitamento do espaço. Isso tudo é observado por muitos da plateia. Tudo é utilizado brilhantemente.

Um detalhe surpreendente nessa produção é a ausência de diálogos, e há somente um momento em que uma frase é dita em português, pois todo o espetáculo é composto de músicas famosas e marcantes dos Beatles, em sua língua original, mas com interpretações mais dramáticas, vivas e atuais. Embora esse musical seja antigo e com várias formações e alterações, a essência é a mesma, mudaram algumas músicas, mas a estrutura cênica é imutável e a compreensão de nada fica diminuída se a pessoa não souber inglês, pois tudo é planejado para que a compreensão seja imediata.

Por ser uma produção da dupla CM&CB, lógico que já se prevê um resultado final de primeira linha, porém, o surpreendente é que o espetáculo não agrada pelos seus atrativos de efeitos e grandiosidade (que não possui) e sim, pela única e poderosa atração: as vozes. E os cantores não ficam gritando para mostrar que sabem cantar, eles acalantam nossa audição com vozes suaves, prazerosas e oníricas. Onde a preocupação é valorizar as músicas, a história e principalmente o desfile harmônico e não se exibir e ostentar talento. Poucas vezes eu vejo artistas que fazem a arte pela arte e não pela fama.

O repertório conta com músicas como: "Yesterday", "Let it Be", "Help", "Hey Jude", "Yellow Submarine" (engraçadíssima por sinal), "Ticket to Ride", mesclando sempre, músicas românticas, agitadas, engraçadas e surreais. Quem é fã de Beatles, com certeza irá se emocionar e ficar orgulhoso pelo respeito que o musical teve com a obra do grupo. Quem não é fã, mas conhece um pouco do quarteto, com certeza já sairá dali correndo para entrar em um Fã Clube. O que se ouve, agrada, uma coisa é certa, a pessoa pode até não conhecer a obra completa, mas que todas as músicas, uma vez ou outra, já foram ouvidas isso é óbvio, se você tem mais de 18 anos, se tiver menos, pelo menos a metade delas.

Que todos cantam brilhantemente isso é inquestionável, mas existe uma voz que chega a ser duvidosa, quase humanamente impossível. Essa mulher é sem dúvida tocada por Deus e anjos, pois ela consegue tons e timbres que emocionam, arrepiam e arrancam aplausos em cena aberta, antes mesmo das músicas que ela canta acabarem. Ela é o alvo dos maiores elogios e espantos de toda uma plateia. Eu ouvia ao meu lado coisas como "Ela é um monstro!", "Não pode ser ela mesma!", "Como é que pode?", "Queeeee Vozzzzz", isso sem falar em palavrões que já foram brilhantemente explicados por Veríssimo, que expressam melhores que quaisquer outras palavras da língua portuguesa. Estou falando de Kacau Gomes, a dona dessa voz, e que por uma sorte nossa ainda continua cantando mesmo estando grávida e com uma ostentosa barriga proeminente a ponto de estourar a qualquer momento. Será que vem daí sua potência? Será que ela canta por dois? Aí é covardia com os outros do elenco.

A peça tem um aproveitamento extra de dois de seus atores em outros talentos, o jovem Jonas Hammar tem uma força na percussão, que deixaria qualquer percussionista de uma escola de samba de queixo caído. Ele é firme, rítmico e potente. Faz com que fiquemos preocupados com suas mãos, pensando se ele pode se machucar ali e talvez comprometer sua participação na peça. Mas isso não acontece. Ele faz brincando, ele canta, dança, e toca como ninguém, um "ogan" para terreiro nenhum botar defeito. Lui Coimbra é outro que também possui duas funções, além de cantar em algumas músicas e até se arriscar em umas coreografias, ele também é o responsável pelo agradável som de cordas do violoncelo.

Os maravilhosos momentos interpretados diretamente ao público são inesquecíveis. Em momentos que alguns fazem solo no meio da plateia e também quando eles se sentam na beira do palco e começam a cantar para nós, como se estivéssemos em um delicioso luau ou fizéssemos parte do musical. Com isso eles conseguem arrancar não só suspiros e lágrimas de todos, mas conseguem fazer com que todos cantem juntos, batam palmas e acompanhem esses talentos da emoção.

Por  tudo isso e muito mais, você não pode perder esse maravilhoso espetáculo musical e toda vez que você estiver em sua casa e a "musiquinha" da novela tocar, você nem vai se lembrar de Maria Marta Medeiros e sim que você teve o prazer de desfrutar de uma excelente produção brasileira com enormes talentos.

Ficha Técnica
Gênero: Musical
Diretor: Charles Möeller & Claudio Botelho
Elenco: Malu Rodrigues, Marya Bravo, Kacau Gomes, Estrela Blanco, Jules Vandystadt,
Pedro Sol, Rodrigo Cirne, Sergio Dalcin, Tony Lucchesi, Lui Coimbra, Jonas Hammar
Figurino: Carol Lobato
Cenário: Charles Moeller
Iluminação: Paulo César Medeiros
Sound Designer: Marcelo Claret
Produção Executiva: Edson Lopes
Direção Artística: Tina Salles

Serviço
Teatro do Leblon — Sala Marília Pêra (462 lugares)
Rua Conde Bernadotte, 26, Leblon, Tel: 2529-7700
Quinta a sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 80,00 a R$ 100,00
Até 1º de março de 2015

Fotos: Facebook do espetáculo (Divulgação) / Reprodução/Site MoellerBotelho

Por: João Loureiro Filho - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de João Loureiro Filho

João é ator, cantor, mas descobriu-se crítico e aí sim viu que suas opiniões poderiam ajudar muitas pessoas a se decidirem e se descobrirem diante de assuntos dos quais ignoravam, desconheciam ou não davam importância. Participou ativamente de projetos de cinema e teatro, fez um blog de filmes temáticos LGBT. Em breve irá lançar um livro sobre como explorar bem Enredos Carnavalescos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Agito Cultural: Quem tem medo do Lobo Mau?

Em Neon: quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015


Era uma vez, uma linda menininha que vivia numa floresta com sua mãe, o nome dela era chapeuzinho vermelho, uma menina doce, ingênua e pura... PARE COM TUDO ISSO! Você realmente acha que é essa a história que você verá?  Graças a Deus, não. Quer dizer, graças ao Cleiton Morais fomos livrados dessa incrível chatice. Tudo bem que na época em que foi escrita e até há alguns anos, essa historinha melada ainda agradava, mas os tempos são outros, bem diferentes e porque não adaptar as histórias aos novos tempos?

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Atualmente em cartaz com "Constellation", um musical temático da década de 50, onde narra  uma história da época, Claiton também consegue encontrar tempo para se dedicar ao animado, lúdico e receptivo mundo infantil. Com sua peça "Chapeuzinho Vermelho - Como Você Nunca Viu" ele narra, musicalmente, uma história realmente diferente. Quando alguém quer dar uma nova roupagem à uma história, geralmente faz tudo ao contrário, e ao invés de Chapeuzinho ser uma ingênua menininha sempre a fazem quase uma delinquente juvenil. Não nessa versão, escrita por Cleiton, esse jovem e talentoso ator (em companhia de Vinícius Olivo) que se lança como autor teatral. Uma coisa é modernizar a história, outra completamente diferente, é deturpar seus conceitos e anular sua moral.

Não é pra qualquer um colocar um espetáculo desse porte no palco do tradicional Net Rio. Isso só aconteceu porque ele primou pela qualidade e pelo texto de alto nível cultural.

Hoje em dia para se prender a atenção da garotada, não basta falar no diminutivo e muito menos
fazer vozes engraçadas e se jogar no chão. Assim como o tempo e as histórias, o público infantil
também tem mudado velozmente, em meio a tantos recursos tecnológicos. Ao alcance de suas
minúsculas mãos, a criançada consegue ter acesso a um vasto e diferente conteúdo pra se divertir,
e se uma peça não agrada, no mesmo momento elas se lançam nesse universo virtual e se esquecem
da realidade.

Nessa peça, o que se vê é uma chapeuzinho habitual, jovem, ingênua e desobediente, porém o diferencial é o toque de humor que ela tem nessa versão, mais desconfiada e questionadora, essa menina de capuz "red" analisa e toma suas próprias decisões voltadas ao seu direito de escolhas.

Alguns personagens novos surgem nessa peça, o caçador não é mais solitário e corajoso, e até mesmo
a floresta virou um personagem, ou melhor, personagens, muitas novidades infestam esse musical de
jovialidade e encanto.

No papel do cruel e esperto Lobo Mau, Morais vivencia o que eu vejo como um Clown Mambembe e ao mesmo tempo moderno. Sua aparição inicial chega a ser um ballet, é bem coreografada, cria um leve suspense proposital e ainda de quebra o prepara para sua entrada principal. É um dos momentos mais bem trabalhados da peça, cheguei a ficar arrepiado com a ousadia desse 'iniciante" que está mostrando a que veio. Por citar coreografia, parabéns a Rodrigo Soares, que é o responsável por fazer uma coreografia bem baseada no texto. Um ponto alto é o ato da luta entre o povo do bem e o povo do mal.

Os figurinos outrora tão comuns e exaustivamente repetidos por infindáveis anos sem
adaptações, ganharam cara nova, estão mais bonitos, vistosos, sofisticados e minuciosos. A dupla
de figurinistas Herbert Correa e Giovanni Targa, mostrou que mesmo os personagens sendo os mesmos sempre se pode inovar. Um Lobo Mau de calças Jeans? Sim, por que não? Se toda nudez será castigada, que vistamos o pobre canino.

E o Cenário e objetos cenográficos? Charles Rocha conseguiu captar um ponto de vista, que mesmo Walt Disney ficaria encantado. Tudo se movimenta, tudo está em alinhamento perfeito e se existe é porque tem de estar lá, caso contrário faria falta.

As músicas são bem escritas, cantadas e audíveis, essa preocupação realmente me fez prestar atenção mais que redobrada nas letras, pois eu pude ouvir com nitidez e clareza, algo que a maioria dos atuais musicais cariocas parece deixar de lado. Em certos momentos a galerinha da plateia consegue cantar as músicas junto, de tão fáceis e empolgantes que são. Mérito de Bruno Camurati e Tony Lucchesi, que além de escreverem músicas originais assinam a direção musical.

A direção do espetáculo também se dá pelos olhares de Cleiton Morais, assim como a produção do espetáculo, juntamente com a Allegra Produções e entretenimentos.

Uma coisa que acontecia anos antes, esquecida por muitos e que essa peça traz de volta, é a interação com seu público, os personagens volta e meia surgem do meio da platéia, brincam com os pais e a criançada, entrevistam, fazem todos se tornarem personagens e adequam a peça ao improviso real e ao vivo. Por outro lado uma coisa que deixou a desejar foi a ausência do elenco ao término do espetáculo, caracterizados, para tirar fotos com a criançada, foi ruim ver as carinhas tristes das crianças e pais, que gostariam de eternizar esse momento de lazer e prazer.

Mais tarde soube que isso acontece, pelo fato de o musical que vem logo após o deles, precisar do espaço físico do teatro para o elenco se arrumar. Até mesmo o Hall do teatro precisa ser forçosamente esvaziado para ser limpo. Essa tristeza é compartilhada por todo o elenco, que também sente falta desse contato carinhoso e sincero de seus mini fãs. Seria muito legal haver uma solução pra isso,
pois é conquistando esse público infantil de agora, que teremos uma platéia crescente no futuro. FICA A DICA!

Conversei com alguns atores do elenco para saber sobre como é fazer esse musical da Chapeuzinho Vermelho.

"Chapeuzinho Vermelho tem sido mais que um espetáculo teatral, tem sido uma experiência única onde consigo desenvolver um trabalho diferenciado e desafiador. Ver um produto que foi tão difícil de se estabelecer ganhando vida e alegrando plateias, não tem preço. Enquanto diretor é única a sensação de ter tantos talentos como temos em nosso elenco. Atores lindos, cantores e bailarinos que fazem desse espetáculo o que ele é: Como Você Nunca Viu.

Enquanto ator, a cada dia que entro no palco me sinto realizado e feliz."..."sei tudo que acontece nas coxias e já tenho que passar ao público emoção e fidelidade ao personagem. Mas todas as dificuldades e surpresas que aparecem, seja no palco ou no backstage, são para somar o valor final da obra. " (Cleiton Morais)

"Eu faço o  Com Casca, um dos soldados do Caçador, que no musical é um ex-capitão. Com Casca e Sem Casca formam a dupla cômica do espetáculo. Eu amo fazer esse personagem.

É  muito divertido e tem uma resposta ótima das crianças! Para compor o personagem me inspirei em filmes de animação e desenhos animados." (Drayson Menezzes)

"Olha... Falar da Chapéu é fácil. É um projeto muito bonito, idealizado por dois garotos que eu gosto muito, o Cleiton e o Vinicius. O espetáculo é uma delícia, breve, leve, as canções estão uma graça, o figurino é belíssimo...

A Chapéu, minha personagem, é una garota espoleta e sapeca, me sinto muito bem quando estou vivendo essa história. Ver o projeto nascer, crescer, começar a tomar forma e prosperar, é muito bacana... Sou muito grata por esse trabalho." (Laura Lobo)

"Minha personagem é a vovó da Chapeuzinho e eu adoro interpretá-la! Ela tem um tom de comédia e traz algumas surpresas para a plateia, que espera ver aquela clássica vovozinha. Isto é divertidíssimo! A vovó também exige um trabalho de construção de personagem, já que sua idade é diferente da minha, então precisa de bastante maquiagem, trabalho de corpo e voz diferentes dos meus habituais. E eu gosto muito de trabalhar cada um desses detalhes.

A oportunidade de fazer o espetáculo, para mim é um prazer e um grande aprendizado. É muito bom trabalhar com pessoas que estão realmente dedicadas a fazer algo bom, de qualidade e que respeitam a criança, num mercado que hoje está tão carente dessas características, como é o teatro infantil do Rio de Janeiro. Já trabalhei em outras produções cuidadosas e outras não. E isto faz toda a diferença!"(Marina Mota)

"Amo fazer parte desse projeto, entrei de supetão e acabou sendo um dos
espetáculos que mais me envolvi. Talvez porque como ensemble vivemos personagens totalmente diferentes, o que desperta essa magia de se envolver em praticamente todas as cenas. Além de ser um espetáculo de alta qualidade cênica e musical, acredito que procura restaurar a questão da inocência da criança que anda tão perdida, não de uma forma tola e sim buscando a formação do pensamento infantil. Chapeuzinho Vermelho se comunica com as crianças de forma autêntica." (Julia Mattos)

"Chapéu -  é uma releitura musical divertidíssima e ainda, muito sensível dessa fábula secular, que é sobre o poder das escolhas. Afinal, quem duvida dele? É tudo o que precisamos aprender na vida. E contar histórias é a maneira mais mágica de se passar conhecimento. Ultrapassa a assimilação intelectual, se inscreve na alma. Por isso, fazer teatro infantil é uma grande responsabilidade.

Fiquei muito feliz quando o Cleiton e o Vini me convidaram para ser a Mãe. Despertar meu lado maternal e revisitar, ao longo do processo, momentos pessoais em que fui filha e que também fui “mãe”, mesmo ainda não o sendo, foi muito especial. Trabalho com um elenco incrivelmente talentoso e amigo, e uma produção sempre atenta às nossas necessidades dentro e fora de cena. O que mais eu posso pedir? Estamos todos muito felizes com a temporada no NET. E vida longa à Chapéu!"(Isadora Taam)

"O processo do figurino sempre parte da leitura do texto. A partir daí busco referências e alinho, junto com a direção, o caminho a seguir. Chapeuzinho é um clássico, atemporal. Porém, o meu imaginário me remete à década de 50, principalmente pela mãe de Chapéu! A modelagem graciosa da época traz um charme especial a montagem.

Uma das dificuldades era solucionar a floresta, busquei em "Julie Taymor e seu Rei Leão" uma fonte de inspiração. O resultado final me agrada bastante, tendo em vista nosso pequeno orçamento. Esse é um trabalho autoral e realizado com muito amor."(Herbert C. Correia)

"Então, o personagem em si (Sem Casca) me exige a piada certa no tempo certo. Um personagem caricato que oscila no bobo e no falso valente, pois ele é um medroso ajudante do capitão. Junto com seu companheiro de guerra (Com Casca) as peripécias da dupla centraliza a comicidade do musical. São personagens inexistentes na clássica história de 'Chapeuzinho Vermelho' e no musical, a novidade que traz dois soldados atrapalhados, deixa o antigo clássico mais dinâmico"... "hoje sou outro artista após 'chapéu', a peça é um divisor de águas total.

Tenho que ressaltar que a liberdade que foi me dada pelos diretores fez toda diferença na construção e minha permissão total como ator. Poder juntar essas minhas artes no palco do Theatro Net Rio me deixa muito feliz"... "É sem dúvida, para mim, um dos momentos e trabalhos que levarei para minha história." (Rodrigo Fernando)


"A minha entrada em "chapéu" se deu mediante a um trabalho que fiz com Cleiton Morais. Acredito que nossa parceria deu muito certo, pois além de termos afinidades artísticas, escolhas e opiniões semelhantes, eu estou ali para ajudar na leitura que eles vão ter da peça. O Cleiton e o Vinicius sempre foram abertos a colocações, me ouvem e eu tento ajudar no espetáculo como um todo. No caso do Chapeuzinho, por ser um espetáculo autoral, eu e os meninos percebemos que podíamos ousar nos números de dança. E foi daí que começou todo o meu processo pela busca de referências. Eu digo que hoje é muito fácil montar um musical que já exista e tenha referências. E quando o musical não existe??? O que fazer??

Eu acho que o meu maior desafio dentro do espetáculo foi criar algo novo e moderno, sem descaracterizar um fábula antiga, que é contada de geração em geração. Como digo a ideia é transformar o antigo em novo e  principalmente deixando a minha cara é claro. "(Rodrigo Marcell Soares)

"Fazer parte deste elenco está sendo muito gratificante. É uma galera muito talentosa e companheira. Eu, como bailarina, desempenho muitos papéis, são diversas trocas de figurino e, consequentemente, o que torna um tanto desafiador, é que o corpo tem que mudar para cada personagem. Troca-se de roupa, corpo e expressão. Mas isso faz parte do ofício.

Contudo, a minha personagem, que me traz mais surpresas e também requer uma atenção especial, é a jornalista, pois tenho que descer do palco e entrevistar as crianças. É  maravilhoso quebrar a "parede" imaginária platéia/palco e sentir, ver de perto a reação de cada uma delas, é encantador. Chapeuzinho foi e está sendo um grande presente na minha vida."(Moira Osório)

"A composição de canções pra musical é sempre feita em sintonia com a direção e os autores do texto. Quando uma música é cantada num musical, ela deve ter uma função e fazer a história andar. No caso da Chapeuzinho Vermelho, Como Você Nunca Viu, o pedido da direção foi de canções que fossem ousadas, que fossem mais próximas ao teatro adulto do que ao infantil. Deveria ter bastante ação, dinâmica... E foi assim que fizemos."(Bruno Camurati)

Ficha Técnica
Texto, Produção e Direção: Cleiton Morais e Vinicius Olivo
Composições: Bruno Camurati e Tony Lucchesi
Direção Musical: Tony Lucchesi
Coreografias: Rodrigo Soares
Sapateado: Helena Sant’Anna
Figurinos: Herbert Correa e Giovanni Targa
Cenografia: Charles Rocha
Design de Luz: Aurélio De Simoni/Axel Mello
Design e Programação Visual: Alonso Martinez
Design de Som Gabriel Matriciano
Elenco: Laura Lobo, Cleiton Morais, Udylê Procópio, Isadora Taam, Marina Motta,
Alanna Bergamo, Verônica Medeiros, Moira Osório, Rodrigo Fernando, Drayson Menezzes,
Julia Mattos.



Serviço
Theatro Net Rio – Sala Tereza Rachel. Rua Siqueira Campos, 143 – Sobreloja – Copacabana (Shopping Cidade Copacabana)
Ingresso: R$ 80,00
Temporada até 1 de Março
Horário: Sábado às 15h30 / Domingo às 16h.
Classificação: Livre
Duração: 55 Minutos.
Capacidade do Teatro: 622 lugares.
Telefone do teatro: 21 2147 8060 / 2148 8060

Fotos: Rogério Neves /Facebook dos atores / Divulgação

Por: João Loureiro Filho - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de João Loureiro Filho

João é ator, cantor, mas descobriu-se crítico e aí sim viu que suas opiniões poderiam ajudar muitas pessoas a se decidirem e se descobrirem diante de assuntos dos quais ignoravam, desconheciam ou não davam importância. Participou ativamente de projetos de cinema e teatro, fez um blog de filmes temáticos LGBT. Em breve irá lançar um livro sobre como explorar bem Enredos Carnavalescos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Agito Cultural: Anos 50 são revisitados em ‘Constellation’

Em Neon: segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015


Quer fazer uma gostosa viagem aos anos 50?

Pois bem, basta você se dirigir ao Teatro Vanucci e tentar uma das 400 passagens disponíveis na bilheteria e decolar a bordo do voo inaugural de Constellation, um super avião repleto de personalidades como Jorginho Guinle, Carmen Mayrink Veiga, Martha Rocha entre outros...

E que viagem... Assim que embarcamos nesse voo único e  inesquecível em nossa poltrona, as músicas gostosas, relaxantes, que tocam direto no nosso coração e que trazem grandes lembranças, começam a nos levar a essa incrível viagem no tempo e em nossas mentes, de forma imediata.

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Eis que surge uma voz de aeromoça, ela anuncia que a viagem começará que, por favor, desliguemos nossos aparelhos eletrônicos e que é proibido comer e beber, assim como fotografar e filmar a incrível jornada.

Depois disso, temos a certeza que nosso retorno será impossível. O melhor é apertar os cintos, ficar confortável e desfrutar da presença do elenco maravilhoso, escolhido brilhantemente e dirigido pelo já renomado e conceituado diretor,  Jarbas Homem de Mello. Ele, como ninguém, sabe como se monta um Musical de ordem maior e soube fazer do belíssimo e bem temporizado texto de Claudio Magnavita, uma obra prima que encanta e faz centenas de vozes cantarem juntos cada canção do musical, isso sem falar que a história contagia e tem tudo a ver com a proposta desejada.

A peça nos apresenta logo de início um cenário muito bem construído, com vários elementos móveis e uma janela onde passam as projeções de todo o espetáculo. A concepção dessa obra é mérito de Natalia Lana que dá uma aula de cenografia e bom gosto. Em sintonia com o cenário podemos contar também com  a iluminação de Paulo César Medeiros, que acompanha, sem falha alguma, cada personagem e cria por meio de sombras e luzes precisas, todo um  desenho harmônico e suave pra cada cena, sabendo valorizar e destacar os melhores momentos ou coreografia.

Por falar em coreografia Vanessa Guillen fez uma pesquisa elaborada e muito bem calculada, com acabamentos de braços e pernas, que pontuam cada nota, sentimento e timbre que as músicas pedem e precisam. Bem aos moldes da década em questão, sem elementos desnecessários tão pouco desencontrados. Assim como a direção musical de Beatriz De Luca, que trabalhou cada música com um propósito para cada passagem do espetáculo.

O trio de atrizes composto por Andrea, Jullie e Lovie funciona de uma forma esplêndida. A familiaridade que ambas possuem é algo espantoso. Uma ruiva, uma loira e uma morena, que com a afinidade mostrada e compartilhada em cena, formam algo que dá gosto de acompanhar, assim como o grupo de cantores formado pelo elenco masculino, que chega a cantar até melhor que muitos dos cantores e bandas por eles homenageados. É pegar o que é bom e conseguir melhorar. Se na época vendessem as mesmas músicas originais ou a da interpretação desses jovens rapazes, com certeza eles que seriam homenageados e lembrados hoje em dia.

Uma jovem menina apaixonada por cantores americanos, dentre eles Elvis Presley, participa de um concurso de rádio que dará como prêmio, uma passagem para o voo inaugural do Constellation, uma super aeronave moderna e luxuosa que irá para New York, com vários famosos a bordo e lá na Big Apple irá conhecer locais chiques e caros. Para isso ela precisa juntar embalagens do sabonete Palmolive, mandar uma frase dizendo por que ela merece ganhar e depois de escolhida participará de um game estilo "Qual é a música?" onde terá que acertar as três músicas tocadas apenas no instrumental. Será que ela saberá ou nunca saberá? Risos.

O que se vê muito na plateia é o público da terceira idade, que chora, se emociona, se acaricia e até mesmo cantarola juntos, mas isso não exclui os jovens que, em peso, também se abraçam, trocam beijos furtivos e saem dizendo que vão baixar as músicas e ouvir em casa. Que se lembram de ter ouvido algumas e depois ficam querendo saber quais os nomes das outras que não conheciam.

Os figurinos idealizados por Patrícia Muniz assim como a maquiagem e caracterização de todos os personagens, com seus cabelos bem presos, armados, penteados e engomados dão um toque vintage e ao estilo anos 50.

Com diálogos em português e músicas em inglês, o musical nos presenteia com o que há de melhor, tanto na pesquisa como em suas músicas famosas, conhecidas e até hoje tocadas e regravadas. Tudo é muito bem produzido e a satisfação de todos da tripulação é uma confirmação disso. Se houver alguém com medo de ver suas músicas prediletas serem estragadas com versões brasileiras pode esquecer, o bom gosto é o que mais flutua nesse voo.

“Constellation” é o musical que há tempos era desejado e esperado por muitos e que somente um olhar corajoso, responsável e meticuloso, poderia, de forma tão brilhante, colocar em cartaz, mesmo em tempos de muitos musicais, onde muito pouco se mantém em tão alto nível. A constatação de que para se ter algo bom, precisa de ousadia e olhar para trás, pois o que já foi bom, sempre será.

Vale a pena ressaltar que esse espetáculo, conta com as participações de artistas de outros grandes espetáculos da temporada carioca: Cleiton Morais e Drayson Menezzes (“Chapeuzinho Vermelho - Como Você Nunca Viu”) e Franco Kuster (“Dzi Corquettes”). Os três com vozes maravilhosas, potentes e bem doutrinadas.

Repertório
Heaven on Earth (Buck Ram)
He’s Mine (Buck Ram)
My Prayer (G. Boulanger)
Blueberry Hill (Lewis / Stock / Rose)
Blue Moon (Richard Rodgers / Lorenz Hart)
When I Fall In Love (V. Young / E. Heyman)
Jambalaya (On The Bayou)
The Great Pretender (Buck Ram)
Donna (Ritchie Vallens)
Surfin’ USA (Chuck Berry / Brian Wilson)
Only You (A. Rand / Buck Ram)
Unchained Melody (A. North / H. Zareth)
Stand By Me (B. King / J. Leiber / M. Stoller)
Smoke Gets In Your Eyes  ( J. Kern / O. Harbach)
Unforgettable (I. Gordon)
Happy Day

Ficha Técnica
Texto e Idealização: Cláudio Magnavita
Direção: Jarbas Homem de Mello
Direção Musical e Arranjos: Beatriz De Luca
Assistente de Direção e Coreógrafa: Vanessa Guillen
Elenco: Andrea Veiga (Tia Maria da Penha), Jullie (Regina Lúcia), Lovie Elizabeth (mãe), Cleiton Morais (locutor e boy band), Marcio Louzada (Tenente Zé Luiz), Daniel Cabral, Drayson Menezzes (locutor), Franco Kuster (Jorginho Guinle), Ugo Capelli
Elenco de apoio – Comissários de Bordo: Agatha Maria Kreisler, Douglas Teixeira, Luã Bregeron e Mariana Floriani
Iluminação: Paulo César Medeiros
Figurinos: Patrícia Muniz
Cenário: Natalia Lana
Sound Designer: Fernando Fortes
Visagismo: Dicko Lorenzo
Projeções e Audiovisual: Studio Prime
Pianista Ensaiador, Band Leader, Pianista – Eduardo Henrique
Pianista Ensaiador – Thalyson Rodrigues
Músicos: André Barros, Wagner Bispo, Mazinho.
Operação de Projeção: Flavia Belchior
Camareiros: Valter Rocha e Tarsila Alves
Direção de Palco: Pedro Gedelha
Contra-Regras: Fernando Queyroz e Kelson Succi
Fotografia: Milton Menezes
Assistente de Fotografia: Gabriel Stefanini
Projeto Gráfico: Milton Menezes | Lightfarm Brasil
3D: Raphael Coppola
Produção Geral: Frederico Reder
Direção de Produção: Alina Lyra
Produção Executiva: Ágatta Marinho e Marcelle Nery
Produção de Cia: Luana Simões
Assistentes de Produção: Agatha Maria Kreisler e Douglas Teixeira
Elaboração de Projeto: Elisa d’Abreu e Natália Simonete
Equipe de Comunicação: João Batista Gabarron, Luana Ribeiro, Karol Freitas Garrett, RodrigoTrabbold
Assessoria de Imprensa: Minas de Ideias
Gerência financeira: Juliana Reder e Mariana Reder
Realização: Alkaparra Produções e Brainstorming Entretenimento

Serviço
Horário: Quinta, sexta e sábado às 21h30 e domingo às 20h30
Local: Teatro Vannucci – Shopping da Gávea – Rua Marquês de São Vicente, 52 – Gávea
Preço: Quinta R$ 80,00 (inteira) / Sexta R$ 90,00 (inteira) / Sábado e Domingo R$ 100,00 (inteira)
Duração: 120 min.
Capacidade: 400 lugares

Foto: Milton Menezes / Studio Prime / Divulgação

Por: João Loureiro Filho - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de João Loureiro Filho

João é ator, cantor, mas descobriu-se crítico e aí sim viu que suas opiniões poderiam ajudar muitas pessoas a se decidirem e se descobrirem diante de assuntos dos quais ignoravam, desconheciam ou não davam importância. Participou ativamente de projetos de cinema e teatro, fez um blog de filmes temáticos LGBT. Em breve irá lançar um livro sobre como explorar bem Enredos Carnavalescos.

 
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