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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Agito Cultural: O ‘Amor Perverso’ domina o Rio de Janeiro

Em Neon: quarta-feira, 14 de janeiro de 2015


O que é o amor? Quem é o amor? O amor é algo bom? Você controla o amor ou ele te controla? Ou te descontrola?

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Sob o ponto de vista e por vários ângulos, esse sentimento é posto em questão de forma dolorida, sofrida e descontrolada, deixando três preciosos prismas abertos e em conflito o tempo inteiro. O amor, as vezes, quase é posto como uma entidade maléfica ou mesmo sobrenatural. Um ser que permeia dentre os corpos mais fracos e inconstantes, sempre deixando um rastro de perdas, angústias e vazio.

Em momentos da peça você pode visualizar o amor como uma pessoa, um homem que povoa sua mente, te tirando a capacidade de pensar e de ser racional, inteligente a até mesmo sua fé na vida ou em si próprio.

O amor torna-se tão tangível nessa peça que ele é capaz de morrer de forma brutal, inconsciente e até mesmo premeditadamente, perante as mãos de seu algoz, o corpo humano.

Com uma iluminação primorosa, onde o intento é valorizar a carga dramática que as atrizes buscam expor à ansiosa e ávida platéia, a peça se inicia com uma atmosfera esfumaçada, pouca iluminação, com focos certeiros, individuais e um suave violoncelo tocando ao vivo.

Aos poucos podemos perceber que as três mulheres presentes no palco expressam sentimentos distintos e ao mesmo tempo tao igualitários entre elas, que parecem estar falando de uma mesma e objetiva sensação.

Seus comentários se diferem, lógico, mas suas vivências, seus desejos e suas necessidades, quase sempre se chocam, fazendo com que uma tenha de cuidar da outra e apoiarem-se mutuamente.

Uma nova tendência, que parece estar se firmando hoje em dia pelos espetáculos, é a presença de um músico em cena, que faz sua performance ao vivo e visível no palco, não é mais uma gravação e tão pouco uma pessoa escondida e ao fundo, e sim um personagem, quase que um narrador, pois ele vai dando ao nosso cérebro e à nossa alma, o que devemos sentir e esperar, assim é feito de forma primorosa por parte do grande violoncelista Saulo Vignoli.

Outro ponto favorável dessa trama é a sua total ausência de cenário, sem recursos tecnológicos de fundo e sem objetos desnecessários, apenas alguns materiais cenográficos que mudam de forma de acordo com a necessidade das personagens, assim podemos a todo momento focar nas mulheres em cena.

Um texto muito bem pontuado de acordo com suas vidas retratadas, deixando de forma nítida, o porquê cada vida ali presente se sente dominada por essa sensação que é o amor, e a todo instante uma nova perspectiva surge.

Cláudia Ohana nos mostra uma mulher mais racional, Victoria, mais focada em suas atitudes e em sua vida. Não chega a ser fria, mas sim realista e objetiva. Em certos momentos na peça, ela nos brinda com sua voz em pequenos sussurros musicais, que nos acalanta e nos faz viajar em seus sentimentos, mas em um momento certeiro ela nos canta "Cariño malo" um bolero popular, que
deu título a peça, que em português tomou-se como "Amor Perverso".

Helena Ranaldi, através de Eva, nos passa um sofrimento mais genuíno, inocente, quase que beirando o infantil, quando ela se mostra mais frágil, e ao mesmo tempo piedoso e dolorido. Ela é uma representação do despreparo e até mesmo da total entrega e dependência de um amor mal sucedido.

Regiane Alves, ou Amapola, é uma mulher mais romântica, sonhadora e capaz das maiores atrocidades que ela julga serem necessárias para se viver um grande e irresponsável amor, nela esse sentimento toma mais força, pois ela acredita fielmente nele e coloca sua vida em seu rumo, sem condução alguma.

Uma direção muito bem construída de Luiz G. C. Valcazaras, a todo momento presente, nos faz crer que essa peça é um condutor de sentimentos e sensações, ele se utiliza de recursos e estratégias muito bem aplicadas e inteligentes. Uma genialidade presente, viva e bastante profissional.

Ficha técnica:
Texto: Inês Stranger
Direção: Luiz G. C. Valcazaras
Tradução: Rodrigo Vasconcelos Machado
Coordenação de Tradução: Renato  de Mello
Elenco: Claudia Ohana, Helena Ranaldi e Regiane Alves
Músico: Saulo Vignoli
Direção Musical e Trilha Original: Alexandre Elias
Figurinos: Teca Fichinski
Iluminação: Luiz G. C.  Valcazaras
Cenário: Paula Vilela
Visagismo: Pino Gomes
Preparação Corporal: Kika Freire
Assessoria de Imprensa: Ângela de Almeida e Luciana Paula Catunda
Fotos: Pino Gomes
Programação Visual: Paula Vilela
Direção de Produção: Lúcia Regina de Souza
Realização: Caravana Produções

Serviço:
Teatro do Leblon
Endereço: Rua Conde Bernadotte - 26 - Leblon
Lugares: 417 lugares
Horário: Terça e quarta, 21h de 13 de janeiro Até 4 de fevereiro.
Ingressos: R$ 60,00

Foto: Pino Gomes / Divulgação

Por: João Loureiro Filho

João é ator, cantor, mas descobriu-se crítico e aí sim viu que suas opiniões poderiam ajudar muitas pessoas a se decidirem e se descobrirem diante de assuntos dos quais ignoravam, desconheciam ou não davam importância. Participou ativamente de projetos de cinema e teatro, fez um blog de filmes temáticos LGBT. Em breve irá lançar um livro sobre como explorar bem Enredos Carnavalescos.

 
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