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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Comportamento: Os equívocos sobre a polêmica crucificação de Viniany Beleboni na Parada Gay

Em Neon: segunda-feira, 8 de junho de 2015


Mal amanheceu o dia e surgiu uma enxurrada de comentários equivocados contra a performance de Viniany Belnoni, que desfilou crucificada na 19ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.

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Ao que tudo indica, a ignorância sobre o assunto tomou conta das redes sociais, após a publicação tendenciosa, maldosa e equivocada de um certo “pastor/deputado” em sua página do Facebook. (Em respeito aos nossos leitores, não vamos citar tal nome aqui).

“Isto pode? Esta blasfêmia pode? Profanar nossa fé pode? Debochar de símbolos sagrados publicamente pode?” Foi esta a legenda abaixo da imagem de Viviany, usada pelo “bem feitor” para propagar o preconceito.

Não bastasse usar a foto da “crucificação” sem mesmo creditar o autor, o tal sujeito ainda aproveitou o momento para divulgar fotos de outros eventos que não tem ligação com a Parada do Orgulho Gay de São Paulo, a fim de incitar o ódio. O que demonstra uma imensa falta de coerência,  é o fato de que a religião que ele defende condena a adoração por imagens. Então por que bancar o "defensor" agora?

O manifesto de Viviany Belnoni foi um prato cheio para os ignorantes de plantão, que chegaram a escrever “quem quer ser gay que seja, mas deixe Deus em Paz”, como se a orientação sexual fosse uma escolha. Isto talvez seja um dos maiores equívocos das pessoas que tentam ser “politicamente corretas” e chamam a condição sexual de alguém de “escolha” ou "opção".

Falando em português bem claro para aqueles que insistem em usar o termo "opção sexual":
Um homem não ter uma ereção com uma mulher, ou uma mulher não ter lubrificação vaginal na hora do sexo com um homem, está longe de ser uma escolha.

Também vale lembrar que os LGBT tem sentimentos, afetividade, carinho, companheirismo e tudo o que uma relação heterossexual tem. A diferença é que os LGBT convivem com ofensas e agressões diariamente. Precisa explicar mais?

Escolha? Já está mais do que claro e comprovado. Ser LGBT não é uma escolha e este foi o tema da Parada esse ano: "Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim: respeitem-me!"

Em entrevista exclusiva ao Em Neon, na última sexta, 05/06, a transexual Viviany Belnoni deixou bem claro a intenção de sua representação:

“A ideia é minha, pois eu sei que a partir do momento que eu coloco os pés para fora do meu apartamento, já estou sofrendo preconceito. Sim, eu sou “crucificada” a partir do momento que saio de casa, seja com uma risada, uma piada, com qualquer tipo de agressão, isso me agride psicologicamente, me deixa para baixo, pode deixar muita gente com depressão entendeu? Então eu tive essa ideia, as pessoas são tão crucificadas, tem que sair só de noite, tem vergonha de sair de dia, porque é motivo de chacota, de alguém ficar rindo, apontando e me perguntei por que não ir crucificada? Se eu sou crucificada o ano todo, se os gays que andam de mãos dadas são espancados, na Rua Augusta, na Av. Paulista?” disse Viviany.

CLIQUE AQUI para ler a entrevista completa.

Imagens utilizadas por usuários das redes sociais tentam explicar o protesto de Viviany 

Infelizmente, no dia de hoje, Viviany amanheceu recebendo milhares de mensagens ofensivas, além de inúmeras ameaças de morte.

Enfim, a publicação do tal "defensor" parece ter  alcançado o resultado que ele tanto almejava. Gerar nas pessoas a vontade de ofender, humilhar e assassinar.

Segundo a Agência EBC Brasil, 218 homossexuais foram assassinados em 2014, dentre eles 84 transexuais.

Opiniões concisas 

“Pra começo de conversa, a crucificação era uma tortura/condenação romana e não uma exclusividade de Jesus. Afinal, ele foi 'condenado por ser um herege' e não um santo...”,  disse Bruna M. Benevides, de Niterói (RJ), em defesa a Viviany, em uma comunidade do Facebook.

"Quem sabe interpretar texto entende que isso é uma representação para chamar a atenção dos crimes contra a população LGBT. Assim como a MAIORIA escolheu Barrabás a Jesus Cristo, a maioria se omite a defender e julga a classe homossexual.
Jesus acolheu as classes mais excluídas da época, como leprosos, prostitutas e criminosos condenados à morte. Ainda na cruz, perdoou um ladrão. Você acha que se Ele voltasse hoje condenaria os homossexuais?
Mais amor, por favor! Pois esse é o maior de todos os fundamentos do livro que você defende com tanta fé e não põe em prática. Talvez uma imagem dessa não fosse necessária se os evangélicos se unissem contra a violência e o preconceito contra nós. Pregue com amor, dessa forma você resgatará mais vidas do que com julgamentos. Afinal, Jesus veio para perdoar e pregar amor." Postou Laísa Guerra, de São Paulo, em seu Facebook.

Logicamente, para toda a ação existe uma reação. Sair na 19ª Parada crucificada atraiu a atenção de pessoas que entenderam a mensagem, mas parece ter dado munição aos soldados do preconceito.

Em tempos de burrice assumida nas redes sociais, as pessoas tendem a expressar suas “sábias e indefectíveis” opiniões, sem ao menos saber do que se trata.

Tem a ver como o ego de cada um, quando a “minha opinião” está acima do fato. Apontam-se as armas, disparam-se os tiros e a vítima cai morta, sem ao menos ter o direito de defesa.

O mínimo que se espera, depois do ato político de Viviany Belnoni, é que ela seja ouvida, já que está falando em nome de milhares de pessoas que sofrem com o preconceito.

Infelizmente, apesar de sua bravura, parece que os preconceituosos estão dispostos a crucificá-la centenas de vezes ainda.

E não apenas a ela, mas a todas as pessoas que são consideradas “diferentes” do que uma sociedade vazia e hipócrita espera.

Fotos: Marcelo Gil

Por: Maurício Code -  CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Maurício Code.

Maurício Code é designer gráfico, atuante no mercado desde 1995, DJ produtor, criador do selo Code Art Design (www.codeartdesign.com.br) e promoter de eventos na noite carioca através da pop4fun. Em seu curriculum destacam trabalhos para artistas nacionais e internacionais, remixes disponibilizados gratuitamente na internet além de trabalhos como visagista para cinema e televisão.
 
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