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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Melão Em Neon: Fera, bicho, anjo, mulher... As mil faces de Cássia Eller

Em Neon: domingo, 1 de fevereiro de 2015


O documentário que foi exibido na Mostra de cinema de São Paulo e no Festival Mix Brasil com o título de “Cássia”, chega agora aos cinemas de todo país. O filme, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, que conta a vida de uma de nossas cantoras mais importantes e emblemáticas dos últimos tempos: Cássia Eller.

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Além de amenizar um pouco as imensas saudades que sentimos da cantora ao revisitar toda sua trajetória, desde a juventude em Brasília até os últimos dias de ícone pop de nossa música, o filme mostra a Cássia Eller por trás dos holofotes e conta com depoimento da família e dos amigos, como a mãe, o filho Chicão, a esposa Eugênia e colegas de profissão como Oswaldo Montenegro e Zélia Duncan, entre outros, com destaque para o divertidíssimo depoimento de Ângela Rô Rô contando a história da canção “Malandragem”, que tornou Cássia Eller nacionalmente conhecida, mas que inicialmente tinha sido composta para Rô Rô. O filme também destaca a importância de Nando Reis para a vida e carreira de Cássia. Foi ele que revelou ao público uma Cássia muito maior do que ela própria imaginara, não apenas uma figura significativa no rock, mas uma intérprete sensível e completa, que ia do samba de roda da Bahia ao romantismo de Piaf.

Essa personalidade diversa, muitas vezes paradoxal de Cássia Eller vai sendo desvelada. Da cantora poderosa, gigante, forte, vigorosa, irreverente e despudorada no palco à garotinha, extremamente tímida nos bastidores, avessa a entrevistas e maiores badalações. A sensação que fica é que o importante para Cássia Eller era, sobretudo, a música na sua essência, na companhia da turma com quem ela queria estar. Difícil imaginar uma artista da importância dela abrir mão de faturar alto em grandes eventos para cantar em pequenos barzinhos de cidadezinhas do interior por pura diversão, o que lhe causou muitos problemas, inclusive financeiros. Sob essa ótica, Cássia era uma artista impensável para os dias de hoje.

E essa maneira, digamos, romântica, de encarar a vida também se refletia na vida pessoal da cantora, como a surpreendente maternidade, cujos desdobramentos são dignos de qualquer folhetim, a relação amorosa com a companheira da vida toda, Eugênia, em contraponto com o seu espírito livre e libertá-
rio. Contradições que constroem uma personalidade absolutamente apaixonante, amante das coisas tão mais lindas, que só pedia a Deus um pouco de malandragem e todo amor que houvesse nessa vida.

Mesmo após a morte da cantora, a história dela não termina e ganha desdobramentos dramáticos protagonizados por Eugênia, com a vitória pela guarda do filho de Cássia, Chicão, que alcançou repercussão nacional e gerou uma decisão judicial inédita, legitimando e reconhecendo um modelo de família construído no afeto. Ficamos te devendo mais essa, Cássia!

O grande mérito do filme é ser despudoradamente apaixonado por sua protagonista. E o público, igualmente apaixonado e saudoso, é brindado e embalado pelo estilo singular, pela voz plural, ora doce, ora vigorosa, mas sempre marcante de Cássia Eller. A sensação que fica, além da saudade, é a mesma quando se trata de grandes ícones que morrem cedo, como Clara (Nunes), Elis (Regina), Dolores (Duran), Cazuza, Amy (Winehouse), dentre tantos outros: que tesouro Cássia nos deixou! E o quão mais poderia nos dar! Privilégios de poucos como ela, cujo talento é maior que a própria vida. Impossível não se emocionar.

“Sou inquieta, áspera e desesperançada
Embora amor dentro de mim eu tenha”
(Clarice Lispector, interpretada por Cássia Eller na canção “Que o Deus venha”)

Confira o trailer do filme Cássia Eller, que tem a direção e roteiro de Paulo Henrique Fontenelle:

 

Fotos: Divulgação e arquivo pessoal 

Por: Vitor de Oliveira - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Vitor de Oliveira

Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Atualmente, é um dos roteiristas de “Lady Marizete”,  novela das 19 horas da Rede Globo, prevista para 2015. No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.

 
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