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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Agito Cultural: Quem tem medo do Lobo Mau?

Em Neon: quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015


Era uma vez, uma linda menininha que vivia numa floresta com sua mãe, o nome dela era chapeuzinho vermelho, uma menina doce, ingênua e pura... PARE COM TUDO ISSO! Você realmente acha que é essa a história que você verá?  Graças a Deus, não. Quer dizer, graças ao Cleiton Morais fomos livrados dessa incrível chatice. Tudo bem que na época em que foi escrita e até há alguns anos, essa historinha melada ainda agradava, mas os tempos são outros, bem diferentes e porque não adaptar as histórias aos novos tempos?

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Atualmente em cartaz com "Constellation", um musical temático da década de 50, onde narra  uma história da época, Claiton também consegue encontrar tempo para se dedicar ao animado, lúdico e receptivo mundo infantil. Com sua peça "Chapeuzinho Vermelho - Como Você Nunca Viu" ele narra, musicalmente, uma história realmente diferente. Quando alguém quer dar uma nova roupagem à uma história, geralmente faz tudo ao contrário, e ao invés de Chapeuzinho ser uma ingênua menininha sempre a fazem quase uma delinquente juvenil. Não nessa versão, escrita por Cleiton, esse jovem e talentoso ator (em companhia de Vinícius Olivo) que se lança como autor teatral. Uma coisa é modernizar a história, outra completamente diferente, é deturpar seus conceitos e anular sua moral.

Não é pra qualquer um colocar um espetáculo desse porte no palco do tradicional Net Rio. Isso só aconteceu porque ele primou pela qualidade e pelo texto de alto nível cultural.

Hoje em dia para se prender a atenção da garotada, não basta falar no diminutivo e muito menos
fazer vozes engraçadas e se jogar no chão. Assim como o tempo e as histórias, o público infantil
também tem mudado velozmente, em meio a tantos recursos tecnológicos. Ao alcance de suas
minúsculas mãos, a criançada consegue ter acesso a um vasto e diferente conteúdo pra se divertir,
e se uma peça não agrada, no mesmo momento elas se lançam nesse universo virtual e se esquecem
da realidade.

Nessa peça, o que se vê é uma chapeuzinho habitual, jovem, ingênua e desobediente, porém o diferencial é o toque de humor que ela tem nessa versão, mais desconfiada e questionadora, essa menina de capuz "red" analisa e toma suas próprias decisões voltadas ao seu direito de escolhas.

Alguns personagens novos surgem nessa peça, o caçador não é mais solitário e corajoso, e até mesmo
a floresta virou um personagem, ou melhor, personagens, muitas novidades infestam esse musical de
jovialidade e encanto.

No papel do cruel e esperto Lobo Mau, Morais vivencia o que eu vejo como um Clown Mambembe e ao mesmo tempo moderno. Sua aparição inicial chega a ser um ballet, é bem coreografada, cria um leve suspense proposital e ainda de quebra o prepara para sua entrada principal. É um dos momentos mais bem trabalhados da peça, cheguei a ficar arrepiado com a ousadia desse 'iniciante" que está mostrando a que veio. Por citar coreografia, parabéns a Rodrigo Soares, que é o responsável por fazer uma coreografia bem baseada no texto. Um ponto alto é o ato da luta entre o povo do bem e o povo do mal.

Os figurinos outrora tão comuns e exaustivamente repetidos por infindáveis anos sem
adaptações, ganharam cara nova, estão mais bonitos, vistosos, sofisticados e minuciosos. A dupla
de figurinistas Herbert Correa e Giovanni Targa, mostrou que mesmo os personagens sendo os mesmos sempre se pode inovar. Um Lobo Mau de calças Jeans? Sim, por que não? Se toda nudez será castigada, que vistamos o pobre canino.

E o Cenário e objetos cenográficos? Charles Rocha conseguiu captar um ponto de vista, que mesmo Walt Disney ficaria encantado. Tudo se movimenta, tudo está em alinhamento perfeito e se existe é porque tem de estar lá, caso contrário faria falta.

As músicas são bem escritas, cantadas e audíveis, essa preocupação realmente me fez prestar atenção mais que redobrada nas letras, pois eu pude ouvir com nitidez e clareza, algo que a maioria dos atuais musicais cariocas parece deixar de lado. Em certos momentos a galerinha da plateia consegue cantar as músicas junto, de tão fáceis e empolgantes que são. Mérito de Bruno Camurati e Tony Lucchesi, que além de escreverem músicas originais assinam a direção musical.

A direção do espetáculo também se dá pelos olhares de Cleiton Morais, assim como a produção do espetáculo, juntamente com a Allegra Produções e entretenimentos.

Uma coisa que acontecia anos antes, esquecida por muitos e que essa peça traz de volta, é a interação com seu público, os personagens volta e meia surgem do meio da platéia, brincam com os pais e a criançada, entrevistam, fazem todos se tornarem personagens e adequam a peça ao improviso real e ao vivo. Por outro lado uma coisa que deixou a desejar foi a ausência do elenco ao término do espetáculo, caracterizados, para tirar fotos com a criançada, foi ruim ver as carinhas tristes das crianças e pais, que gostariam de eternizar esse momento de lazer e prazer.

Mais tarde soube que isso acontece, pelo fato de o musical que vem logo após o deles, precisar do espaço físico do teatro para o elenco se arrumar. Até mesmo o Hall do teatro precisa ser forçosamente esvaziado para ser limpo. Essa tristeza é compartilhada por todo o elenco, que também sente falta desse contato carinhoso e sincero de seus mini fãs. Seria muito legal haver uma solução pra isso,
pois é conquistando esse público infantil de agora, que teremos uma platéia crescente no futuro. FICA A DICA!

Conversei com alguns atores do elenco para saber sobre como é fazer esse musical da Chapeuzinho Vermelho.

"Chapeuzinho Vermelho tem sido mais que um espetáculo teatral, tem sido uma experiência única onde consigo desenvolver um trabalho diferenciado e desafiador. Ver um produto que foi tão difícil de se estabelecer ganhando vida e alegrando plateias, não tem preço. Enquanto diretor é única a sensação de ter tantos talentos como temos em nosso elenco. Atores lindos, cantores e bailarinos que fazem desse espetáculo o que ele é: Como Você Nunca Viu.

Enquanto ator, a cada dia que entro no palco me sinto realizado e feliz."..."sei tudo que acontece nas coxias e já tenho que passar ao público emoção e fidelidade ao personagem. Mas todas as dificuldades e surpresas que aparecem, seja no palco ou no backstage, são para somar o valor final da obra. " (Cleiton Morais)

"Eu faço o  Com Casca, um dos soldados do Caçador, que no musical é um ex-capitão. Com Casca e Sem Casca formam a dupla cômica do espetáculo. Eu amo fazer esse personagem.

É  muito divertido e tem uma resposta ótima das crianças! Para compor o personagem me inspirei em filmes de animação e desenhos animados." (Drayson Menezzes)

"Olha... Falar da Chapéu é fácil. É um projeto muito bonito, idealizado por dois garotos que eu gosto muito, o Cleiton e o Vinicius. O espetáculo é uma delícia, breve, leve, as canções estão uma graça, o figurino é belíssimo...

A Chapéu, minha personagem, é una garota espoleta e sapeca, me sinto muito bem quando estou vivendo essa história. Ver o projeto nascer, crescer, começar a tomar forma e prosperar, é muito bacana... Sou muito grata por esse trabalho." (Laura Lobo)

"Minha personagem é a vovó da Chapeuzinho e eu adoro interpretá-la! Ela tem um tom de comédia e traz algumas surpresas para a plateia, que espera ver aquela clássica vovozinha. Isto é divertidíssimo! A vovó também exige um trabalho de construção de personagem, já que sua idade é diferente da minha, então precisa de bastante maquiagem, trabalho de corpo e voz diferentes dos meus habituais. E eu gosto muito de trabalhar cada um desses detalhes.

A oportunidade de fazer o espetáculo, para mim é um prazer e um grande aprendizado. É muito bom trabalhar com pessoas que estão realmente dedicadas a fazer algo bom, de qualidade e que respeitam a criança, num mercado que hoje está tão carente dessas características, como é o teatro infantil do Rio de Janeiro. Já trabalhei em outras produções cuidadosas e outras não. E isto faz toda a diferença!"(Marina Mota)

"Amo fazer parte desse projeto, entrei de supetão e acabou sendo um dos
espetáculos que mais me envolvi. Talvez porque como ensemble vivemos personagens totalmente diferentes, o que desperta essa magia de se envolver em praticamente todas as cenas. Além de ser um espetáculo de alta qualidade cênica e musical, acredito que procura restaurar a questão da inocência da criança que anda tão perdida, não de uma forma tola e sim buscando a formação do pensamento infantil. Chapeuzinho Vermelho se comunica com as crianças de forma autêntica." (Julia Mattos)

"Chapéu -  é uma releitura musical divertidíssima e ainda, muito sensível dessa fábula secular, que é sobre o poder das escolhas. Afinal, quem duvida dele? É tudo o que precisamos aprender na vida. E contar histórias é a maneira mais mágica de se passar conhecimento. Ultrapassa a assimilação intelectual, se inscreve na alma. Por isso, fazer teatro infantil é uma grande responsabilidade.

Fiquei muito feliz quando o Cleiton e o Vini me convidaram para ser a Mãe. Despertar meu lado maternal e revisitar, ao longo do processo, momentos pessoais em que fui filha e que também fui “mãe”, mesmo ainda não o sendo, foi muito especial. Trabalho com um elenco incrivelmente talentoso e amigo, e uma produção sempre atenta às nossas necessidades dentro e fora de cena. O que mais eu posso pedir? Estamos todos muito felizes com a temporada no NET. E vida longa à Chapéu!"(Isadora Taam)

"O processo do figurino sempre parte da leitura do texto. A partir daí busco referências e alinho, junto com a direção, o caminho a seguir. Chapeuzinho é um clássico, atemporal. Porém, o meu imaginário me remete à década de 50, principalmente pela mãe de Chapéu! A modelagem graciosa da época traz um charme especial a montagem.

Uma das dificuldades era solucionar a floresta, busquei em "Julie Taymor e seu Rei Leão" uma fonte de inspiração. O resultado final me agrada bastante, tendo em vista nosso pequeno orçamento. Esse é um trabalho autoral e realizado com muito amor."(Herbert C. Correia)

"Então, o personagem em si (Sem Casca) me exige a piada certa no tempo certo. Um personagem caricato que oscila no bobo e no falso valente, pois ele é um medroso ajudante do capitão. Junto com seu companheiro de guerra (Com Casca) as peripécias da dupla centraliza a comicidade do musical. São personagens inexistentes na clássica história de 'Chapeuzinho Vermelho' e no musical, a novidade que traz dois soldados atrapalhados, deixa o antigo clássico mais dinâmico"... "hoje sou outro artista após 'chapéu', a peça é um divisor de águas total.

Tenho que ressaltar que a liberdade que foi me dada pelos diretores fez toda diferença na construção e minha permissão total como ator. Poder juntar essas minhas artes no palco do Theatro Net Rio me deixa muito feliz"... "É sem dúvida, para mim, um dos momentos e trabalhos que levarei para minha história." (Rodrigo Fernando)


"A minha entrada em "chapéu" se deu mediante a um trabalho que fiz com Cleiton Morais. Acredito que nossa parceria deu muito certo, pois além de termos afinidades artísticas, escolhas e opiniões semelhantes, eu estou ali para ajudar na leitura que eles vão ter da peça. O Cleiton e o Vinicius sempre foram abertos a colocações, me ouvem e eu tento ajudar no espetáculo como um todo. No caso do Chapeuzinho, por ser um espetáculo autoral, eu e os meninos percebemos que podíamos ousar nos números de dança. E foi daí que começou todo o meu processo pela busca de referências. Eu digo que hoje é muito fácil montar um musical que já exista e tenha referências. E quando o musical não existe??? O que fazer??

Eu acho que o meu maior desafio dentro do espetáculo foi criar algo novo e moderno, sem descaracterizar um fábula antiga, que é contada de geração em geração. Como digo a ideia é transformar o antigo em novo e  principalmente deixando a minha cara é claro. "(Rodrigo Marcell Soares)

"Fazer parte deste elenco está sendo muito gratificante. É uma galera muito talentosa e companheira. Eu, como bailarina, desempenho muitos papéis, são diversas trocas de figurino e, consequentemente, o que torna um tanto desafiador, é que o corpo tem que mudar para cada personagem. Troca-se de roupa, corpo e expressão. Mas isso faz parte do ofício.

Contudo, a minha personagem, que me traz mais surpresas e também requer uma atenção especial, é a jornalista, pois tenho que descer do palco e entrevistar as crianças. É  maravilhoso quebrar a "parede" imaginária platéia/palco e sentir, ver de perto a reação de cada uma delas, é encantador. Chapeuzinho foi e está sendo um grande presente na minha vida."(Moira Osório)

"A composição de canções pra musical é sempre feita em sintonia com a direção e os autores do texto. Quando uma música é cantada num musical, ela deve ter uma função e fazer a história andar. No caso da Chapeuzinho Vermelho, Como Você Nunca Viu, o pedido da direção foi de canções que fossem ousadas, que fossem mais próximas ao teatro adulto do que ao infantil. Deveria ter bastante ação, dinâmica... E foi assim que fizemos."(Bruno Camurati)

Ficha Técnica
Texto, Produção e Direção: Cleiton Morais e Vinicius Olivo
Composições: Bruno Camurati e Tony Lucchesi
Direção Musical: Tony Lucchesi
Coreografias: Rodrigo Soares
Sapateado: Helena Sant’Anna
Figurinos: Herbert Correa e Giovanni Targa
Cenografia: Charles Rocha
Design de Luz: Aurélio De Simoni/Axel Mello
Design e Programação Visual: Alonso Martinez
Design de Som Gabriel Matriciano
Elenco: Laura Lobo, Cleiton Morais, Udylê Procópio, Isadora Taam, Marina Motta,
Alanna Bergamo, Verônica Medeiros, Moira Osório, Rodrigo Fernando, Drayson Menezzes,
Julia Mattos.



Serviço
Theatro Net Rio – Sala Tereza Rachel. Rua Siqueira Campos, 143 – Sobreloja – Copacabana (Shopping Cidade Copacabana)
Ingresso: R$ 80,00
Temporada até 1 de Março
Horário: Sábado às 15h30 / Domingo às 16h.
Classificação: Livre
Duração: 55 Minutos.
Capacidade do Teatro: 622 lugares.
Telefone do teatro: 21 2147 8060 / 2148 8060

Fotos: Rogério Neves /Facebook dos atores / Divulgação

Por: João Loureiro Filho - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de João Loureiro Filho

João é ator, cantor, mas descobriu-se crítico e aí sim viu que suas opiniões poderiam ajudar muitas pessoas a se decidirem e se descobrirem diante de assuntos dos quais ignoravam, desconheciam ou não davam importância. Participou ativamente de projetos de cinema e teatro, fez um blog de filmes temáticos LGBT. Em breve irá lançar um livro sobre como explorar bem Enredos Carnavalescos.

 
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