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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Mudança de hábito: Breve e triste reflexão sobre o contexto social

Em Neon: sexta-feira, 7 de novembro de 2014



Os últimos acontecimentos sociais encheram muitos de nós de incredulidade e tristeza...

Alguns dizem que tudo o que vem acontecendo se deve às posições contrárias e acirradas nas eleições; Humildemente discordo! Assim como as passeatas em junho do ano passado não foram por 20 centavos, é evidente que os infelizes fatos que abalaram nossa crença libertária e igualitária não foram apenas pelas posições partidárias acirradas – O processo eleitoral serviu de estopim para deflagrar um estado lastimável de denúncia sobre as diferenças ostensivamente mantidas entre castas. Veio à tona de um jeito inequívoco aspectos bizarros daquilo que muitos indivíduos tentavam guardar em seus porões... Egoísmo, narcisismo preconceito dos mais variados, xenofobia, homofobia, desrespeito às diferenças, pedido explícito de um retrocesso com a volta da ditadura...

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O fenômeno, de proporções (que eu diria, inimagináveis), atingiu muitas pessoas que simplesmente foram obrigadas a se avistar com suas próprias incredulidades... Atendo muitas pessoas durante a semana e vi não poucas (me incluindo) literalmente deprimidas - Como se o que estivéssemos assistindo fosse da ordem do surreal e bizarro. Questionei nossas ingenuidades... Mas afinal, os indícios não estavam todos claros? Ao contrário do que era esperado, os crimes homofóbicos aumentaram, os nordestinos, infelizmente (tidos historicamente como cidadãos de segunda categoria), ocupam em grande número ainda, lugares sociais ditos subalternos (eles constroem apartamentos em que não podem morar, elas são empregadas domésticas na casa de “sulistas”), numa seleção para trabalho, entre negro e branco, o segundo ganha a vaga. Mulheres ainda são menos bem remuneradas que homens e funk não é considerado cultura, embora seja produzido no bojo dela mesma...

Deixo claro que essa reflexão não passa necessariamente pela escolha de cada um – O que me entristece são os motivos das escolhas em grande proporção... São pessoais, absolutamente pessoais, no ruim sentido do egoísmo e da falta de alteridade – Vejo nitidamente que uma grande parcela de pessoas deseja do fundo de seus corações egoístas, que as diferenças se mantenham... Cada um no seu quadrado! Penso que ser humano é escolher o melhor que possa atingir a maior quantidade possível de pessoas, ainda que isso não inclua a ela mesma.

Penso ainda que a verdadeira e ética humanidade deveria nos habitar e contemplar necessariamente um desejo verdadeiro de igualdade e melhoria para todos... Assim, sonho que viver, seria mais feliz...
Muitos argumentos que tenho ouvido passam pela questão (triste e decepcionante) da corrupção – Mas quando ele não houve? Bom saber que pelo menos agora ela está sendo denunciada e punida, ainda que muito falte para extirpar esse horror da sociedade – Não foi pelos 20 centavos, não foi pela eleição, não foi pela corrupção... Foi porque infelizmente, ver um país mais igualitário ameaça lamentavelmente muitas pessoas...

O Facebook, instrumento social que acredito ter mudado as relações humanas para sempre, tem mostrado toda a sorte de desrespeito e achincalhamento por pessoas que pensam como eu... Para muitos, o senso de respeito às diferenças foi perdido - A cada dia nos chamam direta ou indiretamente de imbecis, idiotas, burros e sei lá mais o que... É interessante notar que algumas pessoas se arvoram no direito de entrar nas publicações de outras para destilar raiva... Pois a democracia não presume justamente liberdade de expressão dentre outras coisas? O problema é que liberdade de expressão virou sinônimo direto de desrespeito. Não é possível que depois de tanta “evolução” (?) uma confusão tão primária ainda seja feita...

Pois a cada momento, de posse de tantos acontecimentos incrivelmente arbitrários, aqueles que pensam como eu, mais se fortalecem! Por mais que corramos o risco de amargar novas decepções, por vezes vale a pena seguir o coração...

Não julgo opiniões contrárias, apenas lamento posições truculentas... Aliás, como uma paulistana qualquer, peço desculpas e lamento profundamente o show de incivilidade que tem sido dado por aqui...

Abraços carinhosos de norte a sul - Somos brasileiros... Espero jamais ver outra vez o desrespeito que vem imperando...

Por: Ana Kiyan

Ana Kiyan é pedagoga, psicóloga, Gestalt-terapeuta, Mestre em Psicologia Clínica e Doutora em Psicologia Social pela PUC/SP. Docente na Pós-Graduação da USJT/SP e UNESP e Supervisora do Projeto de extensão Artinclusiva da UNESP. Autora de livros em psicologia, Gestart-terapia e novas condições de gênero e sexualidade.

 
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